sábado, fevereiro 7

. Os olhos mentem dia e noite a dor da gente .

Eu sinto paz.
Eu sinto dor.
Eu sinto vontade de ter sido melhor desde sempre, e não de precisar mudar agora. Vontade de ter sabido o certo, antes de saber o errado.
Vontade de mudar a ordem de tudo, eu sinto tudo. Eu sou tudo.
Tudo que eu sinto, tudo que eu deixo, tudo que eu levo, por dentro.
E por fora?
Eu sou aquilo que eu dou e quem eu marco. Eu sou muita gente. Espero ser cada dia mais gente.
E nas coisas?
Eu sou os livros que eu li, e os trabalhos que fiz. Nos outros, eu sou o que não fiz e eles lembram. Em mim, eu sou o que falhei e não esqueço. Eu sou o que errei, e não aprendi ainda a consertar.
E o que se enxerga?
Se enxergam os olhos, e as vezes neles eu me vejo inteira. No dos outros eu vejo muito deles. Mas será que isso é tudo? Será que é possível saber tudo sobre alguém? O QUE É TUDO? Tudo é relativo. De verdade.
Eu sinto a verdade chegando, e ela marca. Ela dói às vezes, ela transforma às vezes, ela arruina às vezes. O caráter da verdade depende do que você faz da sua vida quando você a possui, porque ela é um substantivo abstrato, que precisa de outro pra existir. A verdade não tem vida própria. Qual o substantivo em que se abriga a sua verdade?
Na ajuda? Na melhora? Na tentativa de melhorar? Na inveja? Na tentativa de escondê-la embaixo do tapete? Na rejeição à verdade?
Ela pode não ter vida própria, mas eu sinto.
Eu sinto que ela sabe, e sabe muito, e sabe de um tudo cuja dimensão eu ainda não sei.
E que eu preciso fazer a escolha certa sobre a minha verdade. Eu quero, eu desejo, eu respiro isso.

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