sábado, fevereiro 21

Certo e errado,

hoje em dia são aspectos muito difíceis de se analisar observando qualquer coisa.
Em geral, quando você é menos grande, parece muito concreto olhar pra um acontecimento e falar, esse é certo, esse errado, esse bom e esse mau.
Mas aí a medida em que você vai desistindo de tentar parar o tempo e começa a entender que ele te afeta, e modifica seus pensamentos e a sua compreensão da vida, do mundo e de seus humildes habitantes (se não modifica, eu acho que deveria. mudar é bom - desde que seja pra ...?); você vai vendo que na verdade verdadeira não é tão básico e muito menos óbvio, como você pensava..
Quer dizer.
Como você pode dizer que é errado alguém fazer mal a outrém por amor se você com certezaa nunca sentiu aquele tipo de amor? Ah, já senti sim. Sentiu nada. Tá mais do que na hora de muita gente por aí perceber que não, não, não, nããão está nada apto a decidir o que é certo e errado na vida dos outros, simplesmente porque a vida é dos outros. A maioria desses apontadores perderam o hábito de olhar para eles mesmos exatamente na mesma proporção em que se ensinaram a olhar e a julgar a existência alheia. (um lado é facil de aprender, mas o que eu prefiro alguém tem que ensinar. cansativo, né?) Simplesmente porque ninguém que eu conheço é muçulmano pra dizer que eles são loucos exagerados ou qualquer coisa assim. ninguém que eu conheço já morou na favela, já fez parte de alguma tragédia verdadeira, pra poder dizer que ladrão é desgraçado e que tem que morrer. eu ainda não conheço alguém que tenha ficado mais de uma semana sem comer e sem ter a opção de comer, pra poder rir ou no mínimo não chorar ao considerar o fato de que tem gente morrendo de fome e de sede, por aí.
E no entanto todas essas barbaridades e tantaas outras que as suportam e infeliz e inacreditavelmente complementam continuam sendo ditas pelo menos ao meu redor, muitas vezes por minuto, por muitas bocas por segundo. Eu me pergunto se o cérebro que manda nessas bocas alguma vez já se perguntou. Sobre certo e errado, sobre pensar MESMO no outro e não analisar os fatos como se fossem a última parede do mundo, atrás da qual não existem segredos, vidas, frustrações, motivos. E se alguma vez já procuraram dizer pra si mesmos que esses motivos são dos outros, e não deles pra serem julgados. E aí olhar então para os próprios motivos, e aí julgá-los, e aí julgar-se, e aí ser humilde pra admitir que ainda tem muito o que aprender.
Ai, doeu.

Nenhum comentário: