segunda-feira, junho 6

Marca-passo

Preciso falar.
Que seja um grito, uma risada, qualquer movimento assim, vivo e carregado de mim, transbordando de mim, não me cabendo aqui. De novo!
Que voe pela boca, seca de tantas perguntas que as escorre (pela torneira que não quer ser consertada); que rompa a dúvida; e galgando o medo movediço e seus arrepios finque a vitoriosa bandeira num terreno tão misteriosamente verdejante. O outro.
Qualquer outro, qualquer vento que a leve pra onde ela puder fazer brotar um sorriso, talvez um poço fundo e pronto pra fazê-la perambular labirintosamente por algum tempo até que chegue a algum lugar. E toque uma água, e toque uma pedra fria, e as faça vibrar diferente, ainda que no escuro, agora juntas. Enfim juntas. Que dê pra ser esse aconchego, e depois gargalhar feliz e num abraço mágico que não se sabe bem com quem, quando...

... A esse poço velho e trancado, condenado perpetuamente ao escuro obeso da tampa fechada por uma rainha má, mudança arbitrária que já morreu; devolvermos o Sol que é todo seu. E virmos deliciosamente assombrados a emergência daquele arco-íris de floridas borboletas.