quarta-feira, setembro 28

Banksy Bang,


Escuro. Silêncio. Luzes. Estranhos aos meus lados.
A alegria pós-chocolate, a ignorância dos plásticos silenciosos cegados, observando por através do tecido florido da bolsa no chão.
A bolsa no chão, ela e todos os meus sonhos, como já dizia o sábio (e natural e obviamente, por consequência ou causa, ou mais precisamente por conjunto, maluco) Piauí. Da Paulista.

Sombras.
O vômito mais poderoso do que nunca do velhinho, do Tio, do pobre de si, do dono da podridão, do aminimigo, do homninimigo, sem o homem, do Sam.

Construo a ideia-maravilha daqueles homens delicados, do marte sensível, do guerreiro aconchegante capaz de sentir na pele de dentro as gotas de chuva de sorvete britânico. Doce. Doce como é doce uma ilusão qualquer. Qualquer.
Mas pausa para a macaca. A macaca-noiva e sua rosa torta, e sua rosa torso. Promessa da noite e eu ainda não sabia o que era o seu algo especial. O seu? Daqui a pouco, a devoraria.

E então me é dito, como eu lhes diria.
Que ao ler seu poema pensei que poderia eu mesmo ter escrito todos aqueles versos. E derrepente (sim sim, não há como separar. Não há. Se parar, não há), assim, meu corpo quis dançar tudo o que eu já tinha escrito.
                Gostaria rapidamente de relembrar-me de que as palavras são o de menos. E de que eu não pretendo, nesse momento em posso dizer que hipótese nenhuma, respeitar as linhas tortas que decorastes; tolo.

A minha poesia são pedaços que caem de mim.
A minha dança, é uma poesia inconsequente que trocou o papel pela vida.

Também posso decorar falas fáceis.  (Obrigada, querido, pelo sopro de conseguimento;). Quero-te (e fique bem muitíssimo claro que tudo o que não quero é a ti), dizer que chupes essa manga, mas isso assim não o direi, você não se interessaria pela minha falta de postura, de sensibilidade, e de estilo.

E nesse momento a música de teu corpo, como se aquela rua fosse minha, fez-me sentir cada pedaço caído meu a rodar na névoa que compõe todo palco, na própria centelha luminosa que talvez imprescindivelmente constitui toda arte. Que eu conheça por enquanto. E sorri, e de mãos e corpo aberto quis receber toda aquela magia densa e colorida de amor forte que colocaram naqueles dois corpos entrelaçados, em guerra, em paixão.
Na criança de dentro da mulher agonizante que é cada uma que já sentiu o amor. Um amor. A. Talvez até literalmente – e isso só poderá confirmar meu colega do lado direito de plateia, pobre homem cuja tranquilidade de espectador eu talvez tenha jogado no chão em meu impulso sinestésico; talvez até literalmente eu tenha vibrado com a mulher vibrante que se fez de todos os tamanhos que o moço ali poderia supor e,ou, precisar. Adequando-se, a camaleoa bordô de seda. Senti-me ali e aquilo era puramente o leão {o verdadeiro que sabe e que minha voz proclama mesmo mais do que cons(ciente??)mente gostaria de limitar-se a querer, e não esse outro, esquisitamente desajeitado e incômodo, e meio incabível até onde minha memória me permite saber de lembrança, que se adoraria se fosse esse ser}, em cada abraço de suspiro entregue. Entregue estava a força bruta logo no outro segundo, estirada ao chão, contorcida após se render ao esmagador cotidiano imposto. E então a mulher era eu impedindo que a cabeça de Carlinhos de espatifasse pelo solo negro, que lhe iria revelar todo o nada que ele, ainda velho, naquele dia ainda não quis conseguir ser. E chorei sorrindo, sentindo a completude de um dia de libertação, de um dia sem casulo, de talvez um novo redescobrimento – que certamente ninguém sabe quanto dura antes de ser esquecido sob o pó, isso só a possível vontade futura de minha luta visceral nos dirá.

Depois o choro que eu lembrei-me criança, quando constatei o gosto bom que a lágrima tinha por trás dos dentes escancarados, e como aquilo era bom pra matar o pudor. O se perceber frágil e absorvendo isso por meio da simples, e não sei dizer se pura só na minha cabeça ou realmente, mas tenho muito claro que da simples vida, conseguir achar graça. A graça.
                Foi quando então em meio a uma gostosa crise asmática, poltrona onde eu me sentava massageada o suficiente para entender a inutilidade do medo de estar sozinha que acordou comigo nesse mesmo dia revolucionário, bang.
Ofereces-me toda a sua pequenez, tentativa de piada.
Quebras a verdade de um riso espontâneo, com que liberdade? Com que liberdade maior? Porque essa comparação?

Daquele momento em diante – e vou parando por aqui porque em mim já há pecados demais para que eu consiga, e depois em paz, querer discorrer sobre os teus – caiu o palco onde dançou teu corpo bonito em tua mente, e na nudez sob a meia luz te vi deformado como algo que não foi feito preparado para que o virassem do avesso. Lembrei da tristeza que sinto com palavras vagas que conseguem ser tocantes, e com o medo que ainda amo ter das coisas que me enojam. Tive nojo, não vou te mentir. E a tua madeira pesada, Jerôôônimooo, caiu sobre minha alma naquele momento, em que precisei fechá-la para o seu caminho avassalador de homem matéria de vestido, recusador do guiar consciencial.
                Nasceu de novo a mulher, sem vestido, sem nada. Ela nesse momento tudo. Estrela, famosa, talvez simplesmente porque quis dizer com tudo isso e os livros no chão, nada mais que a inocência do boa moça. E tu querendo chuvas de rosas sensuais. Prefiro o soprinho. Prefiro a asma. Prefiro qualquer coisa que dentro de mim não faça medo como me fizestes naquele momento. E lembrei de Patch, e lembrei de Cynthia, e lembrei que felicidade alheia para essa grande árvore de flexibilidade que és teu corpo sensível e desprovido de Deus, só é boa dentro do patamar em que não voe. Então me aterrei, mas não posso permitir que tua proximidade preencha minha boca e todos os meus órgãos vivos de terra. E deixo com você a terra, querido. Que consigas plantar nela uma flor maior que teu corpo sujeito à gravidade, e aí quem sabe um dia próximo numa outra sala escura metadeada de cadeiras, queiras voar em conjunto e absorver tanto quanto eu tentei, esse bonito passeio coletivo pelas estrelas floridas da arte humana,
                Ana.

Ah, risca essa assinatura podre!
Que bom, que graça, que graças, não ter eu tentado semear esse pedaço de assassinato, bem no finalzinho. Ainda bem, Bem, que o amigo Fábio pôde acender a luz dessa ânsia que rodeava minha garganta e meus dedos impregnados de juíza-mentira quando eu te condenei ontem à noite. Que te dizer como eres foi símbolo-mastro de minha maior fraqueza. Essa distância, esse cruzar tão hipócrita e mentirosamente sobreposto a tudo que eu digo e a cada bandeira que carrego cravada em meu peito, foi isso onde pequei. Onde manchei de negror fétido a linda experiência receptiva com que minhalma deliciava-se, com que ressuscitamos, todos nós.
               
Por que temi olhar seus olhos, admirar tua arte querer que te transformasses nela naquele minuto? Bem sei que poderias. Bem sei que é muito provável que me tenhas em esquecimento, que é muito provável que realmente aquele oferecer tenha sido uma rosa. Uma rosa tão cálida como é teu coração saltitante e impulsivamente repulsório, repulsante, repulsivo aos desatentos como eu; reverberado de pés sujos no salão-casa mais bem mal-iluminado que já viram esses olhos. Que neguei a força de tua magia negra, e por quê?
Talvez seja isso que recém-nascidos fazem nas incubadoras. Roubam do mundo um momento e uma mãe que não tiveram para poderem consumir a vida com o próprio sangue uma vez que libertos.
Então me perdoe, mãe Mickey arte corpo Jerônimo belo baque no solo do coração que sangrei naquele momento triste de fechamento de minhas portas-janelas ao que teu belo nos oferece. E por não sugar até o esgotamento aqueles segundos em que te sentastes do meu lado, para infringir sobre todo o pedaço de ordem dentro de você que me mata ou assusta, a maior beleza do meu amor, a que não se pode dar nome nem forma, mas é ele sim e só (solitário), e talvez também só de unicamente, o que eu quero agora chamar poder.

E fica, e fica aqui, e fica em qualquer coisa e também eu sou coisa quando digo assim,
no mínimo tudo o que for flor e mulher dentro de cada um deles.


terça-feira, setembro 20

Sobre o encanto.


Uma negrinha c e r t a vez me contou que a inspiração conta. E conta mesmo. E só porque é com ela que eu conto, então seguirei contando-a, e agora que esse espaço me permite. Ah, que vívida é essa vida vivida de permissões, missões, missões...


Então vamos ao tema, que é tão raro em minha pequena grande cabecinha caber um tema assim inteiro, assim solidamente construído pelos fios mágicos da vida energética que estou começando a achar que consigo levar. É boa.

Alguém me ajudará nessa tarefa, veja:


O que acontece é que não adianta acender uma vela se não houver lenha querendo ser queimada. É solitário ser fogo que queima no altar da montanha, visível apenas para a natureza que de companhia nenhuma precisa mais. É pouco estar só pra quem se basta, e não poder doar-me me tira a vida que eu tenho em mim apesar de ainda não entender.
            Escancarando a verdade, agora direi o que ouvi lendo uma tela tão falante quanto essa em que vejo materializando-se as invenções daquela mesma cabecinha teimosa que ainda não quis ir dormir, mesmo com os cutucões que me dá o despertador já acertado para quase daqui a pouco. Ouvi de um sorriso sincero por aí que sou encantadora. E quero e quero perder a vergonha, não permitirei aos dedos finos apagarem essa confissão vaidosa. Que esse medo rude de usar salto não me deixe calar a vida, a verdade, qualquer fragmento microscopicamente mágico dessa coisa quiçá indefinível. Agora que escrevi já não posso desescrever, e essa é uma das apostas tolas com que me deixo iludir e engano ao mesmo tempo, roubando os doces de minha criança, mantendo-me ‘viva’.

E assim agora depois de sorrir de volta volto a pensar no encanto, volto a senti-lo, começo então a - como agora ainda bem que quase sempre – me despir dessa adjetivação que já ou ainda, sim sinto, sinto assim, tão epidêmica.
Coisas dessas são daquelas que não se dá pra ser, que só se é quando se dá, nas quais só da pra se doar. E vai doer, mas isso é bem. O encanto, essa coisa leve que se sente em casa sorriso compreendido de amor penetrante, em cada mandinga calada com que enchem nossas botas de lama invisível todos os dias em que não me limpo direito antes de me deixar sair de casa. Sair dessa casa a que uns malucos assim resolveram apelidar corpo.
Não, não posso deixar essa vontade de querer ser encanto tomar conta de mim, porque ela é capaz de matar, é capaz de matar o amor de criança que venho redescobrindo (salve, Elis querida, loguinho nos encontramos por aqui) a pauladas, essa vontade vaidosa sempre munida de seu companheiro de três letras. Suma, Seu Ego! Já te disse que nossa história está é muito bem terminada.
Não se sabe o que a motiva, a essa velha conhecida. Só sei que quero e quero sempre que ela não morra, que voe seu próprio voo negro, que me chame somente quando precisar.

Quando precisar. E eu estarei lá. Estarei mas sem que me vejas, pois já se entende que respiro mais que nunca o ar encharcado da baleia jubarte. A baleia qualquer coisa que me leva, que levemente me leve, no instante que acaba de passar. Preciso de seus cabelo de mentira envolvendo minhas mãos pequenas, preciso montar seu corpo imenso e saber que ali vivemos juntas, pelo longo segundo efêmero em que contornamos os oceanos todos; preciso sentir nas ondas do mar o pulsar de nossos corações, tão desesperados e arritmadamente sincrônicos a não mais poder. Anima-te, bicho de leite. Deleite-me.
Aprontei-me.

Ó meu avozinho querido! Agora vendo a foto lembrei que estás aqui. Que bom saber que estamos sempre todos juntos. Quanta a vida que cabe nas águas de um olhar profundo de menina. Da menina. Da que precisa de nossa água, regador de elefante que você me ensinou. Carrego sempre no peito esse dente incisivo e belo, digno de qualquer bom pedestal áureo, e com ele vou matar o que preciso for e depois coroarei a quem merecer. E te dando as mãos ao lado, sorriremos.
Segue o barco.
Fico eu, e o que sou, que em mim é que não está. Não tenha medo desse vidro azul em meu olhar, também ele é feito de amor.
Muito prazer.


CONVENÇÃO.



Seja a que quiseres.
Aquela, antiga, de morte e de grito, das trigêmeas palavras bonitas, ou essa, de hoje, aqui e agora nos rode-cerqueando e trazendo a uma vida sonâmbula e desesperadamente perdida, toda uma humanidade bastante, mas prezo que ainda não completamente, já desfigurada em carne e osso, desumanizada. E orgulhosa do quão independente, autossuficientemente, assim se fez. Que coisa mais triste, e simplesmente triste, de se saber.

Quero chorar, quero morrer.
Cada vez que te vejo assim tão pouco.
Cada vez que no sufoco de minha liberdade recém renascida exasperastes por me calar. Assim, cega, assim, tateando no escuro as estrelas, cadetes cuspidos de meu velhos olhos – nervosos e cansados nervos de que ninguém precisa. Assim, suja das sujeiras de você e de todos vocês também, tu me enojas. Sentes o corte com que minha alma mergulha em toda a sua triste existência presente. A presente existência, o presente que amassastes e jogastes fora junto com o coração que sei, que já vi, que já ouvi boa pessoa dizendo-me que um dia palpitou.

Que por um dia, que por até mais que vinte e quatro belas horas, sorriu e viveu teu coraçãozinho. Foi moço bonito. Foi forte e destemido e não morreu por estar pronto para isso, e quase. E se cobriu.
Encobriu-se se buscando em tornando-se aqueles óculos escuros, escuros, escuros – que medo! Eu preciso de luz! – no meio das fotografias sorridentes. Perdido. Difusamente inserido sem jeito e sem graça, ah, sem graça nenhuma. Tão sem graça no meio de tantas Anas. Como podes, como pôde, como houve, como pôdes?!
Como pode. Se pode! Já! Abra já as tesouras de suas mãos, ordeno que rasgue com o pouco de caninos que te resta o cetim com que engruvinhastes teus dedos cálidos. Desretorce esses braços que se cruzam tão feios em teu peito. Vê, homem, pelo amor do Deus – ele esse paizinho a que você ainda não se apresentou por dentro (direito), vê que estás horrível! Estás gordo e é de morte!

Estás gordo e é de morte!

É de toda a morte com que revestistes teu corpo humano até agora.
Da morte que te invade cada vez que zombas de um infeliz por imagem.
A cada vez que mentes. Que mentes. Como mentes. E tentas em vão te enganar. [Sim, pois ainda vão te enganar]. E tentas em vão me enganar. [Pois eu já não me caibo mais em ti nem se quiseres, nem se eu quiser, nem no pacotinho, nem em nada. Não sou eu. Não sou mais eu. Sou mais, eu – sendo isso já e ainda]. 
É isso, é cada segundo em que quis ser outrem e em que envergonhou-se de seu berço, manchando de sangue podre e de carne que é só carne, igualmente podre e morta e decompondo-se cada vez mais na geleira que teu coração mantém sempre fria e que chamas de corpo e de vida. Manchando de sangue de feto mal sucedido, eis o que eres, o útero de tua mãe tão jovem ainda, tão desejosa de aprendizagem, assim manchastes e continuas, de forma análoga, teu cérebro privilegiado.

Por que tortuosos e assustadores caminhos vem forçando, vem enforcando essa tua cabeça grande e pensante a se enveredar!
Tenho tristeza. Carrego em mim essa desgraça profunda que é ter vindo de um lugar onde o carinho que me fez morreu junto com qualquer flor de vida que possuísse. Não sei a quem culpar.
Desejo sempre ter alguém a quem culpar pelo roubo do brilho de olhos opacos como os teus, pares com os quais eu já tive o desprazer de cruzar mais de uma vez. Trazem-me àquela sensação decepcionante de criança suicida. Criança suicida. Criança suicida. E repetindo isso já fico assustada. É que é em ti e apenas aí que pode caber qualquer tipo de coisa a que só se consiga nesse precário estágio evolutivo em que me encontro (?será que me encontro? Me encontras, também, se q u i s e r e s?) chamar de culpa. Fostes de tuas infelizes mãos remendadas de camisa de forca força que saiu esse punhal invisível que com o tempo se aprofundou tanto que eu não sei por onde começar a puxá-lo de volta.

Sentirás dores horríveis, e são JUSTA-mentes elas as razões de tuas enxaquecas, os motivos de cada agonizante des-espero que tivestes, que assolam suas tardes sempre cheias de um vazio pequeno e agudíssimo, que preenches com teu sorriso amarelado e completamente falso, a não ser em minhas exibições aniversariais. Sim sim, eu quero um cachorro, paizinho, e é com vergonha e muita que assumo ser teu o endereço que escreverei no verso do envelope desta carta. Carta escrita com faca no coração.

Por que é para isso que estou aqui. Para chutar tua cabeça até que consigas fazê-la parar de doer sozinho, e assim talvez quem sabe tomara eu quero muito e bastante que um dia consiga parar de rir de teu engatinhar. Rio por faltarem lágrimas de qualquer outra coisa, tu me secas, e seca me terás, tudo vem a gosto. Não penses, contudo, que eres freguês. As vezes passam, as vezes passam. Cuidado para não olhar atrás e não me observar entre os tímidos e frágeis, pobres homens, pobres coitados que se deixaram ser ovelha sob seu cajado manchado, manchado, podre, podre, feio, mau. Mau homem. És hoje um homem muito mau, escondido no sono da coruja que se deita sob plena Lua Cheia, debaixo de seu pesado edredom de dinheiro. De fezes. De sujeira e lama, lama, lama. Por que você não acorda e ama, querida corujinha?! Faça direito esse Direito que no peito te lateja.

E que lá você esteja. Onde houver vida e pulsar.
Quero ainda e muito um dia breve conseguir te carregar.
Mas não mando em vontades e nem pretendo.

Belas noites.

domingo, setembro 18

Não sei

se grito ou comemoro, essa falta de espaços entre minhas linhas. Há espaço na in(/ex)tensa vida das entrelinhas? images.google.com: Entrelinhas, vida Respostaeleita:

segunda-feira, setembro 12

Come mais uma coisinha

Sem querer partir nossos gordurosos corações pedintes, com toda a qualquer sinceridade que quiçá viva em mim; Aqui não cabe essa outra cozinha. E não me perdoe, sem favor.

Da Pele

Tão preta, uns olhos me pararam.

Aquela cena de sempre que segue me segurando aqui dentro desse bolo de carne. Se não fosse o sussurrar sereno dessa moça cega a me souvenir... Ela soube ir. Soube ir e ser sua ordem de um jeito que eu já nem sei se esqueci ou se nunca soube aprender a. Pegando num braço, que lhe é tudo. Num braço sem o qual ela não se basta.

Ou será?
Será ela o verdadeiro braço, e eu agarrada aqui naquilo que percebo com as esferas cansadas e mais sanguíneas do que gostaríamos, que ganharam o título bonito de glóbulos oculares, de umas pessoas que mal sabiam o quanto cabe dentro delas. Serei eu quem perambula, quem se perde, quem não sabe aonde vai.

Quem não sabe a onda que vem.
Quem não sabe ser onda e simplesmente se carregar pela areia gostosa, pela louca E pura E inocente vontade forte de comer esse incrível mar de chão terroso. Canibália.

P o r q u e n ã o deixar-me ir, simplesmente não querer saber de querer ou não ser o suporte, ser o denso, ser a onda concreta por sobre a qual se sustenta e move qualquer coisa. Sem jacarezinho coisa nenhuma. Sem sofisticação, sem onda, nada. Tanto.

Tanto mar por aí e eu nele e eu ele.
Mar de tudo e mar de gentes sem gentileza e mar de nós e de eu e ele, eu sou ele.
Eu sou ela.
Lá, no corredor, Desesperada. Atenta. Contendo nos esbugalhados guardadores da vida secreta que imaginei todo ele que me rodeia.

O mundo cabe e sobra em qualquer cegueira honesta, dessas que nos negamos desde o primeiro dia em que pisamos essa loucura apelidada escola. Apeli-dado, nomezinho que não nos pertence. Pertence-me sim o braço; pois este sou (aqui o Windows me manda dizer de verde sublinhado que “este” não pode “sou”, e eu, rio) e sem vergonha.
Esse braço ele é real e tão invisível para os outros quanto todo o resto o é para mim. De forma completamente voluntária, e assim inconsciente.

Louca.

Grande parte do que se cobre com o manto desse termo vem daqui, vem desse momento em que, vivos, o braço guia e o contraste entre o olhar de tempestade e a mão de cozinha tão tenra, tão inapta, são captados pelos vendados miradores de um adaptado, acomodado, qualquer. Qualquer. Isso não pode ser escrito por algum ninguém em sã consciência.
Hahaha, sã consciência. Quanta hipocrisia cabe em nós sós.

Nós sós, é tudo o que somos. Completamente desprendidos de qualquer coisa enquanto inventamos nossa completude boba e infeliz. Sendo no fundo verdadeiro bem vazios, não nos bastamos, não nos bastamos tanto quanto a ideia que construímos por debaixo daquele braço forte e solícito tenta nos convencer a cada segundo de que ela não se basta.

Pobres crianças. Estamos eufóricos girando a ciranda; hermeticamente atados ainda que por baixo de tantos panos. Enganos. Negamo-nos o poder e a delícia de deixar ser o braço, de não pensar se correr do ou para o abraço. De esquecer as amarras e assim libertar, voar, não sofrer por ser nó – o que corresponde a conquistar o direito de não mais sê-lo, e me selo. Mesmo que seja no subterrâneo abarrotado do transporte público.

O grande horizonte, a grande vida, o que nos resta pra comer e amar, está por vir e é daqui da testa que ele explode sua exuberante latência efêmera.
É fêmea, seja como e quando.
E até no talvez.
Ela nos vê
da próxima vez.

Um grande pedaço, endereçado ao inexistente.

Porque aqui vive minha criatividade. E a própria possibilidade de existência da verdade já é intrigante, mesmo "desacompanhada". Antes que você, desconhecedor(a), mergulhe, peço que não. Mas se não me ouves, que posso fazer... Ai, Ai. que pena. que pena você não querer ouvir, eu tenho muita coisa pra te falar. Talvez você nem leia, mas tudo bem, um dia chega em você isso tudo, de um jeito ou de outro. Tomara que chegue do jeito menos doloroso, mas pelo jeito que as coisas estão indo, infelizmente (mesmo! - ah, como eu queria que não fosse assim) eu duvido muito que não te vá doer. Eu nem consigo organizar prioridades nisso aqui, então eu vou ser livre aqui também e ir contando uma história e respeitar a ordem em que as coisas forem aparecendo, porque na verdade já apareceram. Acho que deviam ter aparecido pra você também, querido. Mentira, achei. Quem digita essas coisas aqui já não acha mais. Seguinte Os seus irmãos, pelo menos o Eduardo - da voz linda, da cabeça também; eles são muito mais inteligentes que você, Cá! Talvez seu pai ainda não saiba disso, mas você sabe. E talvez você consiga se libertar um dia e ser quem você precisa ser se ele ficar sabendo disso. Talvez você consiga descobrir, relembrar, o jeito de como uma criança contaria isso pra ele. Eu desejo muito que você consiga. Mas eu tenho receios, muito tristemente. Mente. POR QUE VOCÊ MENTE TANTO? EM QUE MUNDO DE AREIA MALDITAMENTE MOVEDIÇA VOCÊ ESTÁ CONSTRUINDO A SUA CASINHA, bebênzinho querido?! Eu tenho medo que você se afogue nisso e não consiga nunca mais sair. Eu não sei se todo mundo pra quem você o faz é eu, e consegue absorver sua verdade - de vez em quando, recentemente, e eu temo de novo que cada vez mais - podre e feia. podre e feia como seu rostinho talvez nunca seja, mas muito mais poderosa do que alguém tenha te ensinado que qualquer aparência pode algum dia se tornar. SE TORNAR. Eu quero tanto que você se torne quem você tem dentro de si pra ser. Quem você (acho que, senti que) era quando eu te conheci. Quem encanta os outros de verdade. CHEIO DE COISAS BOAS, CHEIO DE PAULINHO, CHEIO DE PIRIQUITOS, CHEIO DE BICHICES. CHEIO DE NADA. Porque agora por menos que você tenha engordado, eu te sinto cheio. Cheio, pesado. Não consigo mais te carregar, na alma. Isso me mata. Isso me matou. Matou minha vontade de tentar falar, tenho medo que você tenha se tornado incapaz de absorver qualquer grito. Isso é triste. Racionais me diz no iPod agora: tenta ver, e não vê nada. Penso em você. Hoje uma amiga muito querida (e imprevisível) me disse que a gente não combina. Que a nossa cabeça é muito diferente. Que eu to em outro lugar, que você é muito bobinho. Algumas amigas, na verdade, 3. O número cabalístico. hahaha. Eu dei risada, porque eu tinha na cabeça o você das possibilidades, o você que eu um dia tive CERTEZA que era, que hoje eu SEI que NÃO É, mas que sonho muito que um dia seja. um dia seja. P o r f a v o r. O você com quem eu sonhei esses últimos dias. Por Favor, um favor que não é pra mim. 17 minutes agoAna Carolina Mazzotini MIM. talvez você não tenha entendido AINDA que n a d a é p r a mim. nada mesmo, cara! nem quarta-feira, nem meus planos mentais hahaha que eu achei que a gente ia se divertir aqui, nem a festa de ontem, nem as quinhentas ligações, nem a maquiagem que eu tirei, nem as mentiras que você me inventou (que vergonha de você nesses momentos, cara). Esse tópico é muito importante. Lembrei agora do que a tia Ana Elisa falou quando eu contei pra ela que saí com você. "Nossa, mas ele não era bobinho, que ficava inventando histórias?!" Eu disse que não, que não era culpa sua. Ai, como eu sou bobinha de vez em quando né? BOBINHA. Você tem medo de ser bobinho de novo? Racionais diz: dona Ana, sem palavras, você é uma rainha. Ele que me disse aqui no ouvido nesse minuto. E sabe o que, eu acredito bem mais nisso e em todo o resto da minha vida do que no seu último e final presente pra mim: um dia de merda. Assim, um dos mais frutíferos e sorridentes, no final das contas. Mas eu não quero saber das contas, eu quero é saber dos pequenos segundos em que eu morri por não saber o que fazer, por não saber onde te achar. CADÊ VOCÊ, CARLINHOS? CADÊ VOCÊ, PAULO AFONSO? Começou a tocar agora: mudaram as estações, nada mudou. mas a verdade é que eu sei que alguma coisa aconteceu. porque realmente eu disse isso pra uma amiga hoje sobre a vida dela, e serve pra todos nós na verdade. Nada é igual. eu mudei sabe, você tinha razão em alguma coisa! (fique bem claro que essa coisa só pode ter estado certa porque vem de dentro de você, desse lugar que eu amo mas que infelizmente tá escondido demais pra qualquer outra pessoa conseguir amar agora. Coitadinho de você, corujinha!) eu mudei muito. Eu ascendi, talvez seja essa a palavra mais próxima do que essa sensação que você ainda não entende. Ainda não viu. ACORDA CARLOS! Realmente você tá feio, coberto de todo esse lixo, de toda essa fisicidade. Não sei o que quer dizer essa palavra mas o que eu quero dizer é que você por fora tá cheio de lixo. Cheio de tudo que jogaram - e que eu talvez tenha começado a jogar, é verdade, por isso peço desculpas - em cima de você e você fez escorrer pra sua pele, você engoliu, você se lambuzou. Sensação não é pecado, nem todas as suas mulheres, nem toda a sua festa, nem todo o seu porre, nem toda a sua dor de garganta, nem toda a vergonha da sua família, nem todas as suas dps (como se escreve isso??), nem todo o seu materialismo de bosta. Nada disso é pecado, aquilo por que eu choro é que isso tenha matado o seu coraçãozinho de pedra. 17 minutes agoAna Carolina Mazzotini MIM. talvez você não tenha entendido AINDA que n a d a é p r a mim. nada mesmo, cara! nem quarta-feira, nem meus planos mentais hahaha que eu achei que a gente ia se divertir aqui, nem a festa de ontem, nem as quinhentas ligações, nem a maquiagem que eu tirei, nem as mentiras que você me inventou (que vergonha de você nesses momentos, cara). Esse tópico é muito importante. Lembrei agora do que a tia Ana Elisa falou quando eu contei pra ela que saí com você. "Nossa, mas ele não era bobinho, que ficava inventando histórias?!" Eu disse que não, que não era culpa sua. Ai, como eu sou bobinha de vez em quando né? BOBINHA. Você tem medo de ser bobinho de novo? Racionais diz: dona Ana, sem palavras, você é uma rainha. Ele que me disse aqui no ouvido nesse minuto. E sabe o que, eu acredito bem mais nisso e em todo o resto da minha vida do que no seu último e final presente pra mim: um dia de merda. Assim, um dos mais frutíferos e sorridentes, no final das contas. Mas eu não quero saber das contas, eu quero é saber dos pequenos segundos em que eu morri por não saber o que fazer, por não saber onde te achar. CADÊ VOCÊ, CARLINHOS? CADÊ VOCÊ, PAULO AFONSO? Começou a tocar agora: mudaram as estações, nada mudou. mas a verdade é que eu sei que alguma coisa aconteceu. porque realmente eu disse isso pra uma amiga hoje sobre a vida dela, e serve pra todos nós na verdade. Nada é igual. eu mudei sabe, você tinha razão em alguma coisa! (fique bem claro que essa coisa só pode ter estado certa porque vem de dentro de você, desse lugar que eu amo mas que infelizmente tá escondido demais pra qualquer outra pessoa conseguir amar agora. Coitadinho de você, corujinha!) eu mudei muito. Eu ascendi, talvez seja essa a palavra mais próxima do que essa sensação que você ainda não entende. Ainda não viu. ACORDA CARLOS! Realmente você tá feio, coberto de todo esse lixo, de toda essa fisicidade. Não sei o que quer dizer essa palavra mas o que eu quero dizer é que você por fora tá cheio de lixo. Cheio de tudo que jogaram - e que eu talvez tenha começado a jogar, é verdade, por isso peço desculpas - em cima de você e você fez escorrer pra sua pele, você engoliu, você se lambuzou. Sensação não é pecado, nem todas as suas mulheres, nem toda a sua festa, nem todo o seu porre, nem toda a sua dor de garganta, nem toda a vergonha da sua família, nem todas as suas dps (como se escreve isso??), nem todo o seu materialismo de bosta. Nada disso é pecado, aquilo por que eu choro é que isso tenha matado o seu coraçãozinho de pedra. 16 minutes agoAna Carolina Mazzotini Desculpa por ter mandado duas vezes. ALgumas músicas importantes que tocaram durante a escritura: 15 minutes agoAna Carolina Mazzotini http://www.youtube.com/watch?v=DoffmNSSd2U 2 minutes agoAna Carolina Mazzotini Chico Buarque - Acorda Amor. Ele sempre me ajuda. Na verdade, essa talvez seja a única que você vai conseguir entender agora. carlinhos, eu juro que eu não sou metida. É que idade não se mede pelo RG, se mede pela alma, é uma outra coisa que esqueceram de nos avisar nesse mundo sombrio. Um amigo acaba de me dizer: "Você está formalmente convocada a parar e me contar qualquer dia de onde tirou esse estilo de escrita É muito forte, eu mal respiro quando to te lendo!" E eu não sei porque mas eu quero comentar isso com você. Eu quero te ligar pra falar isso, mas eu não quero ouvir sua não resposta. Sua inércia. Eu desprezo e vomito com tudo o que tenho, vomito tudo o que tenho, na sua vida morna. Quem diz isso é a minha mãe - e essa te conhece -: seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito. Te incomoda minha grosseria? Tomara que sim. Começou a tocar agora uma música da Dama e o Vagabundo, chamada He's a Tramp. Procura a letra, se quiser. Muita pena que não combine com você. Nem isso dá pra eu cantar pra você, Carlinhos. Porque eu não quero viajar com você. Ontem eu achei que quisesse, e nesse momento coitadinha de mim. Nem pra ser vagabundo você tem conseguido ser quente, esquentar alguém. Nem pra isso deu pra você me animar de verdade. Naquela hora que eu te abracei a barriga gorda - de energia ruim, não de gordura que nem a minha nova e, pra você, feia - era porque eu queria muito que você levasse algo disso tudo que eu to te escrevendo sem trabalho nenhum, de uma vez só, vomitadamente às 239 da manhã. Zeca Baleiro te diz, nesse momento: Ê boi, quem ficará, quem foi? Eu também já fui boi. BOI. NÃO QUERO TE VER BOI, CARLINHOS! Eu não quero te ver um saco de vento, fechado no vento, parado no fundo. Você não nasceu numa família que precise de alguém assim. Se é isso que você vai se tornar, um mentiroso de merdinha sem coração nem alma, você vai ser dispensável. Você meio que já é, como toda carne vazia. Será que naquela época a loirinha (Yohana, Yolanda, como era o nome dela?) já tinha razão? Eu devia ter prestado mais atenção nela do que o seu orgulho hipócrita do VELHO, que me GRITOU NO TELEFONE A MENTIRA DE QUE TINHA ME LIGADO, me deixou prestar. Porque você acha que tudo que chega belo na sua vida sai feio? Você ainda não é o cara que faz tudo decolar. Cara, você é broxante. Mas pode ser um dia. E pode ser que esse dia não demore. E eu vou dizer a verdade de novo, que é que isso tudo só depende de você. Acho que o telefone seria mais brando, não teria registros tão evidentes, não teria coisas inapagáveis, porque é essa a crueldade do online. É eterno. Não teria isso daqui tudo entrevado na sua carne pra sempre, fedendo lá dentro até você aprender a se despir e pular no deserto que tem de ser a vida, que é a única vida, que só pode ser assim. Mas você não quis me atender, Carlinhos. Eu vou tentar ligar de novo pra você agora, espero muito que vocÊ me atenda, pra eu poder explicar isso tudo antes que você leia. Mas se vocÊ não quiser, quem sou eu? A resposta você já sabe, e é isso mesmo. Muitos beijinhos de coração, e longe dessa sua boca PEQUENA; mando beijinhos pra sua alma bonita e em coma. Tomara que alguém consiga colher esse vegetal e que esse alguém seja você mesmo, e não a foiçadeira. VIVA, meu bem! por você talvez isso seja amor, mas seja o que for, não devia ter nome, como tudo o que vem depois das coisas mortas. Só não morrem as flores de plástico, e hoje talvez mais do que sempre até agora, eu sou de verdade. sorria mais e descruza os seus braços de dentro 2 minutes agoAna Carolina Mazzotini http://www.youtube.com/watch?v=nQY4dIxY1H4 Chris Medina - What Are Words www.youtube.com Music video by Chris Medina performing What Are Words. (C) 2011 19 Recordings, Inc. Share A few seconds agoAna Carolina Mazzotini Ah, que pena, a sua linda mãe Helena não quis te acordar. Boa noite.

Não vó, eu não estou doente.

Tipo essa que agora me ajuda a escre VER agora. Nunca me senti tanto e tão bem acompanhada como estou. Como venho sendo muito agora ultimamente. Talvez ultimamente demais. Conseguindo finalmente. Talvez, e não sei se há quem seja suficiente para me confirmar se o tanto que é basta. Se o tanto que sou basta. Será que isso seria ver? Ao mesmo tempo, quero cada vez mais e cada vez mais desesperadamente mais os outros. Os tantos demais outros que ainda não se redescobriram, os tantos tantos quantos eu os quero muito e não pra mim. Mas os quero, e isso é forte como a luz que a lua deixa escapar de suas feridas. Me corta os olhos, me corta tudo que é feito de carne e sangue, que não existe. Tudo o que me tenta ser sem nenhuma penumbra de sucesso no horizonte. Essa luz me entra e sai eu. Quando sai, ela vai e voa. Voa tanto que eu nem sei como. Será que chega onde tenta? Me pergunto nessas horas se realmente a luz me seria. Se ela me é. Se tudo isso aqui que consigo absorver passa ou não de uma hipótese, certamente bem menos palpável do que muitas outras que não fiz e que papéis bonitos, pálidos, cinzentos, grotescos e estrelados premiam por aí, por onde vão querendo sem dever, por onde tapam os olhos desses outros, por onde os cobrem de cobertas feias e duras, cansadas e cansativas, por onde quer que consigam exaurir o pouco de vida que ainda resta nessas crianças todas que infelizmente e muito infelizmente - mesmo quando elas pensam que felicidade é isso, as pobres de tudo - começaram em algum maldito (ainda que por eles sacramentado em ouro e prata, de mentira bendita) momento a achar que envelhecer é certo. Que a carcaça presta. Q U E M F O I Q U E V O S D I S S E ? E o pior é que se sabe. E o pior é que a resposta é grande. E o pior é que ela está por todos os lados, nos rodeia, nos carcome, nos quer. Mas não quer mais que eu. Não não, não essa resposta grande e torta, quasímoda das almas, não pode querer mais que eu. Não pode ser mais que a luz que me sai e voa. Não podem funcionar suas asas. Não, minto. Podem sim. É que eu quero tanto que o não dever - esse sincero, esse realmente verdadeiro, pelo menos tanto quanto eu consigo ser nesse momento intermediariamente enluarado - tomou na minha cabeça e no meu corpo verdadeiro uma forma de não poder. É que é aí que reside meu poder invisível, feito de luz que os outros não tocam. É nessa transformação bem violeta e bem recém-nascida, sempre recém-nascida, sempre viva como o botão, sempre possibilidade, é nesse toque mágico que chamo de mim e que os outros não conseguem fazer caber numa palavra tão simples como a que eu os conto, a que eu os revelo com tanta cautela e quase nunca, é nesse movimento transmutador é nessa metamorfose barata (hahaha), que é realmente uma coisa bem simplória e quase envergonhante de tão fácil (não me envergonha nesse momento a simplicidade, só o fato de ela ter sido tão... esquecida - porque não admito que a digam desconhecida, não admito. não não e não). e é nessa coisa tão modesta que nem precisa caber nesse verbete que eu me encontro. Em todos os sentidos cabíveis ou não. Não sei pra onde voltar, então fica por isso mesmo. A lua de um poeta - Diogo Nogueira.

domingo, setembro 11

Simon Says:

Descobrir é tirar toda uma camada de lodo ou poeira que encobre a 'paixão' das pessoas