sábado, agosto 22

Que descolorirá?

Não tem tempo, nem piedade
nem tem hora
de chegar.
Sem pedir licença muda a nossa vida
e depois
convida a rir ou chorar..
Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver
o que virá;
O fim dela
ninguém sabe, bem ao certo,
onde vai dar..
Vamos todos numa linda passarela de uma aquarela
que um dia enfiim..

E será que a passarela de todos nós é a mesma?
Ou será que alguns preferem aquarelas largas e concretas, firmes e perfeitamente previsíveis?
Porque eu quero e não acho jeito outro de dizer que a minha é uma corda bamba.
E a emoção, é indispensável/comparável/perdível!

Partir andar, eis que chega

É essa a hora tão sonhada;
Não há como deter a alvorada..

Enquanto as bocas se afundam em sorrisos encharcados de sentimento, saudades e uma surpreendentemente resistente cola que continua mantendo unidos alguns corações que alguém, talvez o destino, tenha apresentado uns aos outros;
Dentro de cada cabeça um filme passa curioso se perguntando sobre qual será o seu final.. Ou, nos menos pretensiosos, resta a dúvida sobre se haverá ou não um próximo capítulo; rasgando as certezas construídas na base movediça do presente que agora mesmo já virou passado..
Mas resta sempre uma luz verde no fim do túnel, se o presente tão efêmero ainda tem sua autoconfiança pautada na felicidade que traz, que esbanja, e que portanto representa; podemos esperar, ou pelo menos querer, sem duvidar da lei da atração, que ele ainda prepara singelas e magníficas surpresas para nós em seu filho tão apressado

"E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar..."

segunda-feira, agosto 17

Ah, (des)?!enganos

A instantaneidade com que se percebe que certezas tão complexas. Tão certas.
Tao absolutas!
Elas vão caindo. E será que devemos conter as lágrimas que tentam contê-las antes que se despecaçem no duro tapete branco e fofo ao pé da cama?
Ou salgar o chão onde vivemos isso faz parte da magia que desperta princesas e sonhos no último momento do filme?

...

É estranho o espaço apertado querendo deixar de existir de quando alguma coisa está se desfazendo, ou desmororando, e você lá no meio, temendo sua própria tentativa de sair.
Porque se tudo que cala fala mais alto ao coração, talvez também devesse alguém que se sente ou que se faz (ultimamente sentir e ser, intencionalmente ou não eu já não sei, têm se confundido consideravelmente pra mim), conseguir falar mais alto ao coração alheio, não tão alheio assim. Os que a gente sem querer talvez tenha querido algum dia deixar, ou deixar ir, mas sempre sobra uma vozinha gulosa querendo saber 'o que sobrou pra mim'.
Onde é que deixamos nossos pedaços cair?
Ou foi a cordinha que estourou?
E talvez eles nem tenham existido, nessa tentativa fugaz de mandar pra fora tudo que passe pela cabeça, talvez tenhamos recolhido pecinhas que não nos pertenciam, pra formarmos a máquina, que quando vemos bem, não funciona ou responde bem do jeito que a gente tinha filmado, sonhando.
Mas a certeza de que a contagem dos dias não estava errada, de que eles realmente se passaram, súbitos e sob o inclemente patrão, Seu Tempo, pede tímida que alguém a ouça. Essa certezinha de que tudo aconteceu mesmo, por mais surreal que pareçam todos os personagens aos quais pouco antes apelidávamos nós mesmos, eles pedem pra viver. Que seja na memória.
Só que a caixa é apertada demais pra eles também, e conforme abrimos uma nova, cheia daquele brilho mágico que tem tudo que ainda não temos; brilho efêmero que copia o aiiiinda cheio de água na boca. Eles espremem suas mãos e pés pela fresta que a lembrança de quem fomos, ou como, não deixou se fechar. Eles não estão sós, nem no escuro; e se anunciam mais fortes que nós.
Eu que não me atrevo a contradizê-los; eu só espero que os fiapos das vozes roucas que restaram em suas gargantas frágeis me lembre do que falta. Ou então me mostre que não falta nada. Ou então que se calem.
Na verdade, que façam como quiserem; apenas espero e quero mesmo que eu entenda os sinais contidos nessa nostalgia disfarçada, se é que eles existem, e a partir deles possa continuar a montar o castelinho de cartas sobre o qual a gente se equilibra, também conhecido como vida.

domingo, agosto 9

Desculpa

As vezes a palavra que a gente quer ouvir.
As vezes a que a gente se mata pra falar.
Muitas vezes salva muitas coisas; só a sua ausência por outro lado já deixa aquele vazio frio que tem no meio uma ventania com gosto amargo de 'e agora'?
e agora? será que vai dar certo? será que vai ser fácil?
será que o sorriso que as desculpas abrem vai ser de alívio ou de quem já quis comprar mas hoje desdenha?
acontece que não dá pra querer ser 100% sendo 100% uma coisa só.
O que eu to tentando deixar aqui pra me lembrar sempre disso é que contar até 10 não adianta. Tem que contar até o infinito se precisar, mas o julgamento pras decisões que tomamos, palavras que proferimos e caminhos longos que decidimos começar a trilhar, talvez precise ser feito mais com base na santa e linda pergunta do "quantas desculpas eu possivelmente vou ter que pedir depois?"
Porque quem faz alguma coisa de mal ainda que involuntaria ou talvez ingenuamente, mas sempre sabendo que está arriscando e ainda assim fazendo, pode até esquecer;
mas eu peço por favor que me ensine quem algum dia não se lembrar mais de nenhuma das ofensas que recebeu, nitida e perfeitamente, como se fosse hoje.
Dói quando mastigam o que você dá a vida pra oferecer e jogam no lixo que nem eu faço com bala ardida. Ninguém passível de ser amado (e todo mundo é; tem mamãe papai e mais uns 6bi de pessoas por aí, alguém te ama e a cada um, fato) pode ser tão ardido assim.
É duro, perceber sozinho seus erros, e perceber porque quis. Porque quando a ficha cai é quando cai também o peso da palavra desculpa e a grande nobreza de quem as aceita de coração. E aí é voce quem sente cada sensação de sufoco aperto e incredulidade que causou esquecendo as pequenas grandissíssimas datas, as roupas novas, as boas maneiras, a gratidão no momento de opinar sobre algo, alguém ou alguéns, dos corações que esmagou com o martelinho que sentenciou a conclusão do seu julgamento (sempre precipitado) de alguém, ou alguéns.
Acho que é mesmo a saudade, carrasca implacável, a grande companheira da desculpa;
que nos faz ver as coisas pelos olhos que já deveriamos ter adquirido e utilizado por nos mesmos antes de fazer o que não custa nada mesmo né. sem pensar em como seria duro e ruim receber isso de volta. sem empatia verdadeira, ainda que nos proclamemos grandemente compreensivos.
tomara que cada vez menos pessoas precisem sentir dor pra entender como é essencial evitarmos causá-la.
É a saudade lá de mãos dadas com o pedido de piedade. É aqueela palavrinha com S que vem certeira, maldosa, doída. E nos lembra daquilo que putz, foi sem querer...
Querendo.

E o coração palpita enquanto os olhos tentam escanear toda a explosão atômica provocada dentro daquela alma onde plantamos nossa semente do (pedido de) perdão.