terça-feira, março 3

O método DeRose não é pra mim.

Se o rádio não toca, é muito simples. É só girar o botão (Rita Lee e Raul Seixas)

Então estou girando o meu botão..
Sabe, não acho que a filosofia do SwáSthya Yôga tenha defeito nenhum, mas eu acho que o Método tem defeitos sim e tem muitos, e que isso não desmerece todas as qualidades do método, mas impede incontestavelmente que ele se aperfeiçoe, e aperfeiçoamento é um movimento tão necessário quanto o próprio ato de viver. Não cessa nunca, e não pode cessar. Porque se não a vida acaba, e a gente se limita a continuar existindo. Pra que existiríamos se fôssemos perfeitos? E essa é a questão que o método nos condena se perguntarmos,
então pra mim a partir do momento em que alguma pergunta que eu faço é respondida com "porque sim", ou "porque é assim que as coisas são", ou "não tem como te explicar isso", eu estou me vendo dentro de uma doutrina, dentro de uma verdade absoluta. E isso vai diretamente contra o conceito e o objetivo da filosofia, que é o de buscar respostas pras perguntas.
Então eu acho que a falta de vontade de fazer uma interpretação mais profunda e mais abrangente e mais livre de preconceitos a respeito da grande descoberta feita simbolicamente por Shiva há mais de cinco mil anos permitiu que essa filosofia parasse de se aperfeiçoar. Porque as pessoas se julgam impotentes de tentarem superar alguém que já tem reconhecimento mundial. Porque essa demonstração, essa busca pela onstensividade das próprias vitórias, acaba com a essência filosófica dentro de qualquer um, porque impede o outro de se sentir igualmente merecedor.
E não seria esse o objetivo de toda filosofia? Fazer com que cada discípulo vá além da visão do próprio mestre, e que eles discutam, e que assim a filosofia cresça cada vez mais, porque é construída com base no conhecimento e nas percepções gerais, e não individuias? Porque vai de todos para cada um, e não de um ou dois para todos os outros? Pra mim a maior prova do absurdo desse método é o grande contraste com a opção feita for Jesus, QUE PRA MIM NÃO É FILHO DE DEUS NADA. Mas foi alguém que indiscutivelmente não temeu a injustiça que não merecia, aceitando-a de bom grado, e dando assim a chance de que os injustos se redimissem por opção, e não por obrigação. Foi alguém que tinha a noção e dava a devida importância à realidade de que tudo que ele sabia não era mérito dele e portanto não he pertencia, pertencia sim à Humanidade. Portanto deveria ser dada gratuitamente a essa Humanidade, e não vendida sob qualquer pretexto egoísta.
Então eu não posso negar a mim mesma isso tudo que eu já vi, e não sou mas capaz de usar um broche, uma medalha, um símbolo que deixou de representar uma filosofia e passou a representar um único ser humano, que involuntariamente causa nos outros a impressão de impotência, porque não faz perguntas, apenas dá respostas. Dessa maneira ele acaba estacionando muitos discípulos que poderiam crescer inexplicavelmente se ele os desse a noção de que eles são mais ou tanto capazes quanto eles, se lhes desse a noção e a liberdade que é o que guia a vontade humana, e a consequente evolução. Mas esse grande homem se limita a dizer que o SwáSthya termina onde ele termina de enxergar, e então eu não posso viver na minha vida a mentira que ele quer contar para si mesmo, e que os outros aceitam como sendo deles.

EU VOU DESCOBRIR A MINHA PROPRIA VONTADE PORQUE EU TENHO CAPACIDADE PRA ISSO E NINGUEM TEM O DIREITO DE TENTAR ME DETER, mas se tentar, eu não vou tratar com menos amor. Eu só vou tentar abrir os olhos dessa pessoa para a prisão que ela cria pra si mesma, sem culpar nem a mim nem a ela pela sua vontade de não se aperfeiçoar.Tipo quer me ouvir, falarei. Não quer, fico quieta mas ainda espero! :) enquanto isso eu sigo a minha vida alegre e feliz.

Um comentário:

Anônimo disse...

Querida Carolzinha,
Peço a liberdade que a nossa amizade nos deu para esclarescer apenas alguns pontos no seu post, que acredito que possam acrescentar algo.

Na verdade, é mais sobre o aspecto da filosofia, a parte conceitual, mesmo. Toda filosofia não visa se ampliar, se aperfeiçoar. A ciência é assim, sempre buscando respostas que contrariem as que existem até então. Mas a filosofia, não.

Vou citar como exemplo o que eu aprendo na facul: Freud criou uma filosofia de enxergar o mundo, o homem, e de tratar dos seus males. Essa é a filosofia freudiana, e ela é imutável e firme, resistente aos séculos. Mas existe só a visão freudiana de homem? Não! Existem outras (menos populares), de Lacan, Klein, Jung, Bion, Winnicott... Cada um deles criou uma filosofia psicanalítica, e um método de aplicação dela.

Todas elas procuram ultrapassar alguma falha que possivelmente existia nas anteriores, mas elas não eliminam e nem complementam as anteriores: são filosofias diferentes, completas por si só. Foram criadas por indivíduos, indivíduos comuns, só que considerados excepcionais justamente por suas criações, e admirados por aqueles que de alguma forma se identificam com elas.

Acho que você tem o direito de discordar dos seus pontos. Todos temos essa liberdade. Mas fica essa informação, para que você não ache que o "método não se expande". Ele não se expande porque não é uma ciência. É uma filosofia. Filosofia prática, ainda por cima. Ele realmente não te traria as respostas que você quer, porque ele não se propõe a fazer tais perguntas.

Mas saiba que eu torço para que o seu caminho seja muito feliz, sempre. De verdade.

Beijos com carinho imenso,
Alê(zinha)