segunda-feira, março 16

A AFABILIDADE E A DOÇURA .

"A benevolência para com os semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura, que lhe são a manifestação.
Entretanto, não é preciso fiar-se sempre nas aparências; a educação e o hábito do mundo podem dar o verniz dessas qualidades.
Quantos há cuja fingida bonomia não é senão máscara para o exterior, uma roupagem cuja forma premeditada esconde as deformidades ocultas!

O MUNDO ESTÁ CHEIO DESSAS PESSOAS QUE TÊM O SORRISO NOS LÁBIOS E O VENENO NO CORAÇÃO; que são brandas, contanto que nada AS machuque, mas que MORDEM À MENOR CONTRARIEDADE; cuja língua dourada, quando falam face a face, se transmuda em dardo envenenado, quando estão por detrás.

A essa classe pertencem ainda esses homens benignos por fora e que, tiranos domésticos, fazem sofrer, sua família e seus subordinados, o peso do seu orgulho e do seu despotismo, como querendo-se compensar do constrangimento que se impuseram alhures(em outros lugares);
(http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u534668.shtml)
não se atrevendo a usar de autoridade sobre estranhos que os recolocariam em seu lugar, eles querem ao menos ser temidos por aqueles que não podem resistir-lhes;
sua vaidade alegra-se de poder dizer: "Aqui eu mando e sou obedecido"; sem pensar que poderiam acrescentar com mais razão: "E sou detestado."

Não basta que dos lábios gotejem leite e mel, pois se o coração nada tem com isso, há hipocrisia. Aquele cuja afabilidade e doçura não são fingidas, nunca se contradiz; é o mesmo diante do mundo e na intimidade; ele sabe, aliás, que se pode enganar os homens, pelas aparências, não pode enganar a Deus."
(LÁZARO, Paris, 1861)

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