domingo, junho 13

muita graça

me canseeeei de lero-lero; dáááá licença mas eu vou sair do sério.
quero mais saúde; me cansei de escutaaar
opinião
de como ter um mundo melhor, mas ninguém sai de cima nesse chove-não-molha
sei que agora eu vou é cuidar mais de miim

hooOo hoOu

Como vai? Tudo bem? Apesar, contudo, todavia mas porém
As águas vão rolar, não vou chooorar (não).
se por acaso morreeer do coração,
é sinal que amei demais
Mas enqanto estou viva, cheia de graça, talvez ainda faça
um monte de gente feliiiiiiiz !

Então só por agora vou fingir que Ana só significa cheia de graça e que cheia de graça só significa Ana, e que essa então sou eu, sem nenhum alteração, sem nenhuma Carolinagem, só Ana calma e tranquila e como sempre, sem hesitar, sem resistir. E você vai deixar.
E o que custa se fingirmos nós dois, nós todos eu e vocês meus pedaços que somos só isso, como nos vemos agora e como a música nos faz sentir a vida que tangenciamos. Sim, porque algo tão puro e constante eu não vejo como teria aptidão ou oportunidade para entrar na vida e pertencer à sua circunferência mas somente para tocá-la, se é que e apenas enquanto fosse capaz, ainda que apenas disso. Quem sabe observar da vitrine, os manequins animados interagindo e levantando e caindo e dormindo e acordando e sempre alegres e tristes, geralmente ao mesmo tempo e em lugares diferentes de si próprios. Mas como são impróprios, pensaria essa Ana toda branca, sem nunca dizê-lo, ela não magoa, ela não demonstra, ela apenas graça. Pobrezinha.
Será que um dia saberá o quanto é bom tropeçar por esse tortuoso desenho perfeito em forma da linha curve infinita que nunca cansa de se repitir? E quando o ciclo acabar, estará ela pronta para se enveredar mais uma vez por suas florestas repletas de espinhais e carrapichos e feras à espreita a cada curva subita que a trilha dá? Seria a cheia de graça capaz de não ir pela trilha, uma vez que foram outros pés que a traçaram e outros olhos que viram primeiro o fim do caminho onde ela iria acabar? Será que ela entende que talvez não faça ninguém feliz, quanto mais um monte de gente, e ainda assim mantém inabalável sua fragilmente linda suavidade? Ou estará ela fazendo o que você também faz quando ninguém te vê fazendo?
Talvez ela não saiba, nem sonhe, que se encaixa em algum também do mundo, tão cheia de sua graça que é. E quem sabe isso lhe tire o direito a todo o resto, a cuidar dela, a se cansar, de lerolero, ou de qualquer coisa, a embaralhar adverbios que amontoa tentando ligar as adversidades de suas ideias, sem o mínimo sucesso. É de dar pena toda essa graça.
Me conforta enfim voltar os pés aqui na madeira fria da madrugada de um dia de feira e saber que tudo isso não passou de fingimento. Que alívio saber que o círculo espera por ela não apenas para tangenciá-lo, mas para vesti-lo, sê-lo, para fazer dele o que quiser e precisar quando o quiser e precisar. Só espero que saiba, essa garota, que ele leva novamente ao ponto de partida, independentemente e por mais que tenha sua localidade sido transferida e o cenário por onde ela tateia no escuro a continuação da linda linha dentro da qual ela se sente no caminho certo.
Ainda bem que existe em algum calabouço dessa história toda um pouco muito de Carolina, e que sua intensidade rouba da parte Ana um pouco de toda a sua graça, caso esse já absolvido e condenado por vereditos muito diferentes, e que porém continua intrigante, essa espera pela revelação de toda Carolinadade que se guarda nesse corpo dividido. Viva a dualidade, tão diversa como mais não se poderia supor!

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