Passei do lado do quarto para ir buscar minha escova de
dentes,
E foi aí que algo me deteve.
Eu não parei de andar, mas houve um reconhecimento daquela
sensação avassaladora. Era um odor envolvente, calor doce, familiar, querido.
Queridos.
Vinha da porta entreaberta onde dorme se amando o casal.
Onde vive se amando o casal. Não há portas fechadas para o tamanho dos sorrisos
que apesar de fixos fisicamente em faces diversas são a mesma alegria. São
própria e justamente uma unidade de vida. Uma vida una. Era esse cheiro de
amor, inspirador, preenchedor mesmo só de ver de longe toda a harmonia com que
sorriem, todo o desejo com que dançam sem exposição, sem competição, um amor
puro, de criança, exemplar. Que honra tê-los nessa casa!
Gratidão.
E passada a garganta cortada pela pasta de dente, vos desejo
uma boa noite.
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