sábado, agosto 6

e quem é que sou eu?

Ultimamente tem vindo cada vez menos a ideia de produzir algo que me faça dizer a palavra literatura, e muito mais qualquer coisa que pareça com uma conversa. Não sei dizer bem por que, e isso é legal. Vem sempre sempre uma urgência por falar quase sempre com praticamente só seres de Orion e com poucas pausas apenas para descansar as pálpebras... E isso deve ser respeitado.

E falando tanto comecei a ouvir-me bem melhor, e talvez uma coisa precise da outra e sejam partes diferentes de uma mesma pá, pá de cavar fundo a alma de tudo que se vê e sente, seja ou não seja fisicamente. É muita magia ver a vida ir se desenvolvendo mais ou menos na sua cara - só pra ser franca apesar de feiamente -, e poder fazê-la como se quer.

Não sei muito bem o que eu vim dizer aqui mas acho que deu vontade de transcrever ou tentar essa sensação de oneness, de completude, de preenchimento independente que é bem gostosa e chega mesmo a transbordar. O que isso é mais é um desejo, crença de que cresça e atinja quantos der, porque no fim das contas só acontece antes em alguns casulos porque a primavera está chegando e borboletas inúmeras e todas, frágeis e feias por si mesmas talvez - mas juntas coloridas - são necessárias para o voo infalível e tão merecido, tanto, há tantos...
E uma vez sentida dentro desse rebanho imenso, carregamento de vidas pelo ar, vento, deixo para trás todo o meu e me transformo simultaneamente em cada uma das partes que me querem refletir, perceber-me. Bonitamente tornamo-nos uma só coisa, estranha e amorfa da melhor forma imaginável. Cadê eu? Não sei, mas sinto cada momento intensamente como se eu fosse o próprio momento. E devo perguntar mais alguma coisa: quem é que não o é?

Pra onde tudo isso vai é que no fim não sei se sou, mas sinto estar. E ao perguntar-me de novo o que se deu com a ovelha negra, da vida, quem tornei-me quando crescida, só posso dizer uma coisa resumindo tudo;
nada.

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