domingo, agosto 9

Desculpa

As vezes a palavra que a gente quer ouvir.
As vezes a que a gente se mata pra falar.
Muitas vezes salva muitas coisas; só a sua ausência por outro lado já deixa aquele vazio frio que tem no meio uma ventania com gosto amargo de 'e agora'?
e agora? será que vai dar certo? será que vai ser fácil?
será que o sorriso que as desculpas abrem vai ser de alívio ou de quem já quis comprar mas hoje desdenha?
acontece que não dá pra querer ser 100% sendo 100% uma coisa só.
O que eu to tentando deixar aqui pra me lembrar sempre disso é que contar até 10 não adianta. Tem que contar até o infinito se precisar, mas o julgamento pras decisões que tomamos, palavras que proferimos e caminhos longos que decidimos começar a trilhar, talvez precise ser feito mais com base na santa e linda pergunta do "quantas desculpas eu possivelmente vou ter que pedir depois?"
Porque quem faz alguma coisa de mal ainda que involuntaria ou talvez ingenuamente, mas sempre sabendo que está arriscando e ainda assim fazendo, pode até esquecer;
mas eu peço por favor que me ensine quem algum dia não se lembrar mais de nenhuma das ofensas que recebeu, nitida e perfeitamente, como se fosse hoje.
Dói quando mastigam o que você dá a vida pra oferecer e jogam no lixo que nem eu faço com bala ardida. Ninguém passível de ser amado (e todo mundo é; tem mamãe papai e mais uns 6bi de pessoas por aí, alguém te ama e a cada um, fato) pode ser tão ardido assim.
É duro, perceber sozinho seus erros, e perceber porque quis. Porque quando a ficha cai é quando cai também o peso da palavra desculpa e a grande nobreza de quem as aceita de coração. E aí é voce quem sente cada sensação de sufoco aperto e incredulidade que causou esquecendo as pequenas grandissíssimas datas, as roupas novas, as boas maneiras, a gratidão no momento de opinar sobre algo, alguém ou alguéns, dos corações que esmagou com o martelinho que sentenciou a conclusão do seu julgamento (sempre precipitado) de alguém, ou alguéns.
Acho que é mesmo a saudade, carrasca implacável, a grande companheira da desculpa;
que nos faz ver as coisas pelos olhos que já deveriamos ter adquirido e utilizado por nos mesmos antes de fazer o que não custa nada mesmo né. sem pensar em como seria duro e ruim receber isso de volta. sem empatia verdadeira, ainda que nos proclamemos grandemente compreensivos.
tomara que cada vez menos pessoas precisem sentir dor pra entender como é essencial evitarmos causá-la.
É a saudade lá de mãos dadas com o pedido de piedade. É aqueela palavrinha com S que vem certeira, maldosa, doída. E nos lembra daquilo que putz, foi sem querer...
Querendo.

E o coração palpita enquanto os olhos tentam escanear toda a explosão atômica provocada dentro daquela alma onde plantamos nossa semente do (pedido de) perdão.

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