sexta-feira, dezembro 31
Era uma vez - várias vezes,
até que um dia decidiu aventurar-se
e indo um pouco mais além das profundezas onde estendera suas bandeirinhas,
descobrindo um pouco mais das névoas que permitia que lhe amedrontassem,
nadou entre flores roxas e amarelas, duvidou que estivesse realmente em alto mar. que coral é esse, meu deus?
meu deus não respondeu, mas silenciosamente deixou escapar uma.. dica
bem à sua frente estava ela. resplandecia. hipnotizado, cada bolha de oxigênio era gasta com o esforço de um bravo marinheiro entregando-se a um gigantesco redemoinho. Desejou o êxtase daquele contato.
Era simples e rara. Solitária.
Uma pérola, assim de um jeito inovador, depois de tantos sete mares percorridos, de tantas conchas guardadas, de verdadeiros segredos cuja vida superficial seria apenas passado, não fora sua obstinada vida de detetive lá embaixo.
Uma pérola sem concha. Pensou duas vezes. Quatro. Oito. Como podia ser? Não era mais grão de areia;
tanto brilhava e conquistara seu olhar, a pequena sereia esférica e muda.
E no entanto cada pérola que juntara para construir o colar que sua avó ganhou de aniversário naquele ano(amantes não couberam na Sua existência superficial), tivera que tirar da concha, desproteger. Todas as bolinhas de antes dependiam dele para serem mostradas ao mundo e para sentirem até mesmo o gosto da própria água que envolvia sua casca e sua vida. Agora, não.
Essa estava sozinha e era sozinha. Sem nada de zinha, apenas só. Na rua.
Tão frágil e ao mesmo tempo extremamente fascinante, seus cabelos loiros ondulavam acompanhando o movimento convidativo dos quadris, descobertos, dos braços, à mostra, do corpo todo exposto ao vento no olhar da clientela insone.
Cruzando de uma calçada a outra, o que ela não poderia sem a sustentação que aqueles olhares herdados ao longo da masculinumanidade lhe forneciam, era aquela aceitação a ponte onde pisava, e a pérola apoiada no coral milenar. No olhar a solidão coberta de orgulho e vaidade, tudo coladinho pela massa suja de despreocupação.
Seu próximo passo é incerto, não se sabe se o salto vai virar. Ela anseia por cada segundo, e a pérola não sabe se vai conseguir continuar secretando a si mesma; isso não é beleza, é vulgaridade, acusou o mergulhador.
Como toda hipnose essa tem fim e surpreende e deixa suas marcas, na bola que fica e no homem que passa.
E então se vê que a pérola assim nua é um erro, e apenas isso, e apenas, que pena. Que poderia ser inteira só depois da libertação, só com alguém lhe salvando a vida e fazendo bater um coração em seu peito sólido.
Nada disso veio. Nada disso teve.
Então era apenas uma pérola, então era apenas uma mulher na rua, dourada intimando com suas janelas, mais abertas para a vazia dor que carrega do que ela poderia supor.
mas como todo semáforo abre, qualquer medidor de oxigênio irá piscar.
e aí o homem vai acelerar, o que tem pé de patos, voltará para respirar,
e tudo isso vai continuar sufocando e espremendo aquela pérolamulher pra dentro de si, da própria escuridão e de tudo o que não conhece, até que instalem as devidas sinalizações em todos os perigosos e inúmeros caminhos com os quais cruza, e que em suma só levam a ela.
quarta-feira, dezembro 29
natureza, morta?
dois troncos caídos, mortos, contorcidos.
envolvidos num abraço de amor tão perpétuo como nunca foi visto antes.
daqueles galhos que apodreciam, vazava uma vontade de vida e de ser no outro tão grande
que mesmo sem aquela, esta era. estava ali.
de alguma forma aquela energia forte de uma planta pulsava naquele abraço em decomposição.
mas não era feio.
os galhos contornando os desenhos um do outro, desenhando no verde da grama e no azul do céu que se fez pano de fundo arabescos inéditos, faziam sorrir.
e enquanto tentava existir ali o que não podia ter sido, o que raízes perversas separaram por anos e anos, (no que eu classificaria como uma missão muitíssimo bem sucedida), os figurantes roubavam a cena.
é, é tão bonito ver algum amor.
um deles nascia há poucos metros. já ouviu-se dizer que eles sugavam das cascas shakespearianas toda aquela energia, mas na verdade simplesmente eram jovens e eram.
e o mundo era só deles.
e quem passasse entenderia, e entendeu.
não há o que esconda aquela entrega, que disfarçou sua efemeridade de uma vontade imensa, e fez sorrir.
e me fez querer que passasse por aqui uma brisa daquelas, que abraça, que leva, que faz-nos deixar sermos levados.
mas preciso mesmo é de um vendaval.
a esperança que não vivia mais nas folhas das árvores, postumamente realizadas, emanava do verde da camisa que ele usava, e do brilho do sorriso da menina, e deu pra pensar que naquele momento, amor era aquele. amor era aquilo. e era os dois, e era tanto, e era tudo!
e ainda assim não era eu, porque não digo meu. algo tão forte e majestoso jamais caberia num atestado de posse.
e talvez o espelho funcione agora,
e por trás de toda a fumaça velha que insiste em se acumular,
vislumbrei aqui, quem sabe, a centelha nascendo, e orei.
pra que ela saiba abocanhar com ferocidade o fogo, de lágrimas ou línguas, que a faça viver mais.
segunda-feira, dezembro 27
fraquezas
Que preparei, quase pronta,
na ponta da língua.
E que depois, nova(e tão previsível)mente deixei a vida
me impedir de por no papel das vias de fato.
mas chega de dentro,
eis a ideia.
das minhas entranhas saem os ventos que carregam corpos com almas, e também outros desprovidos delas.
suavemente esmago-os contra o caos diário,
nos acidentes metálicos, nas hierarquias travestidas de arranha-céus, nas famílias que desabam sobre suas cabeças frágeis e vazias.
Esvazio-os.
Despejo todo o conteúdo que se possa chamar de humano no meu corpo, e quando chove em mim exalo o que se torna a terra deles, sem nenhum glamour, sem era uma vez. não se lembram de quando ou como eu era. eu simplesmente sou e sim, assim, os arrasto para dentro de mim.
Há muitas coisas que não absorvo, como esse soro de sentimento que deixo escorrer para dentro dos meus córregos pútridos, onde um dia já correu a água que me fazia viver.
Mas sei guardar muito bem, aqui mesmo do jeito que me convier, as chances, as esperanças. Encerro e quebro as escadas douradas. Meu céu é exclusividade.
deixei de acreditar no poder daquilo que algum dia alguns tolos plantaram na minha superfície. Sou alérgica a natureza.
Sou assim porque sou, na verdade, uma caixa. Guardo vaidades e interesses, e sobretudo o egoísmo majoritário. Covarde. Sei muito bem que é ele o meu médico,
e por isso devoro a quem se aproxima. Adentrar na caixa que sou é ao mesmo tempo revelar seu conteúdo de Medusa perante os olhos, e cuidado. Provavelmente você ainda não sabe escapar.
Precisam de mim. Pelo menos no verde e amarelo tenho certeza que é por isso que não rompem meus cadeados. Tolos.
Quisera eu me espalhar por aí e levar um pouco do meu negro ao verde e emprestar as minhas luzes às estrelas do campo. Seria muito mais poderosa se me ensinassem a encolher.
Por enquanto não sei. E não me dizem.
Então eu tento inutilmente deduzir essa fórmula incoerente. No caminho, vou varrendo algumas vidinhas pra baixo do tapete..
É o que custa. Gostaria de conseguir pedir ajuda. Prazer, me chamam cidade.
terça-feira, dezembro 7
Ceifando
tive
de arrastar minhas implacáveis asas,
com as pontas rasgadas, quebradas e pobres, pelo chão que exala terra molhada.
E indo em direção ao coração morno que o peito cobria, desajeitado,
percebi que não dava pra senti-lo bater.
Nem mesmo de muito perto. Perguntei-me o que seria a criatura ali dentro. Quis chamá-la fria,
mas tinha mais vida do que isso. Então deixei
e como era meu dever, e disso todos sempre souberam, cravei as garras naquele frágil
peito
de onde tirei o ensanguentado quebradiço. Como batia,
que proeza. quis pra mim um igual. Eu saberia esquentá-lo, ou pelo menos assim pensava.
respingando o verde que brotou de mim praquilo que eu não sabia ter,
costurei nesse coração um pedaço de minhas assas, que guardei da época quando elas ainda eram boas.
quando alguma coisa ainda fazia valer todo o funcionamento, todo o organismo perfeito que eu era,
e a isso chamou-se bondade.
tapei de novo a nesga que teimava em entrar no poço fundo das minhas memórias, e terminei o trabalho.
senti alfaiate, senti fada madrinha, e deixei o vento cuidar da Cinderela roubada,
sonhei que ele encarregava-se de lhe por numa boa casa, com cobertor e lareira e chocolate quente no inverno.
Não sei o que lhe aconteceu.
Virei as costas para o corpo, que Agora sim era frio. E por minha causa.
Mas não posso evitar,
e como é para isso que sirvo, rumei ao próximo serviço da noite.
domingo, dezembro 5
Estranho
mesmo que eu queira que queiram. cada um deve querer o seu próprio querer, bem ou mal, por si. para si ou para o mundo, tanto faz, mas decisão feita sozinha, sombra na ilha deserta da escolha que se tem, faz e dá.
não é quem diz buscar algo do tipo que virá aqui catar os caquinhos de coração,
nem mesmo por má-fé, essa ausência. talvez nem premeditada seja, apenas jeito de ser.
jeito de ser o mesmo. nem maior como eu imagino que seria, nem diferente de jeito nenhum,
ou talvez esteja mudando a cada ar que expira, sempre que vê uma borboleta que passou por mim,
rápido demais.
sempre tão rápido demais..
e você, porquê, não vai ficar como aquele gosto ruim aqui dentro,
lanço-lhe aos ventos como as cinzas do velho amado que ainda não vivi.
que os trançados do seu caminho de contorcionista mágico não desfaçam o fardo que carregas, e que te faz existir.
que o fato de ele não abrir essa caixa pública onde depositas todo dia a alma e o desejo do pulsante vermelho, não lhe faça parar de crescer e de querer ser,
para si, que seja,
aquele mais que o mundo do outro não quer.
e tudo bem.
sábado, novembro 20
lá na bolha há..
E enquanto subia via o mundo ficar pequeno ao seu redor e engoli-la, e via o mundo que criava no reflexo curvo que saía dela e atingia os olhos dos passantes, dos brincantes, daquela que lhe fez, como todas nós.
Uma leve brisa a separou das outras bolhas, e pela deformação do mundo que via ela pôde pela primeira vez analisar seu próprio tamanho. Não soube dizer se era grande ou pequena,
certificou-se, entretanto, de que era suficiente pra ser leve e ainda assim percebida, evitando as ágeis mãos fatais das crianças que brincavam pelo parque.
Viu o fim de sua família, quando uma moça que passava correndo esbarrou no balde de água e sabão, seu berço no chão.
Sentiu o sal das lágrimas de mamãe tocarem o chão, e desesperada mirou as demais remanescentes da jornada ascendente de que participava, pensando quanto ainda duraria.
Temeu o pássaro voraz que quase a atravessou. Nessa hora, sozinha no céu, quis ser plástico, quis ser de basquete, quis ser bola de cristal e odiou o sabão que era seu corpo todo. E ainda assim, continuava.
Por vontade de quem?
Não respondeu à essa indagação que continuava dentro dela desde que uma boca a soprara pra fora de um aro. Desde que respirou o mundo no qual já sabia não poder pertencer por mais do que alguns breves segundos.
E agora os minutos decorridos lhe traziam experiências. E tão rapidamente já se sentia uma bolha ansiâ. Uma bola velha, durava amis que as outras, sentia-se cheia, preenchida por um conteúdo que não tinha criado, mas apenas deixado permear-se por suas paredes frágeis de reflexos multicoloridos que lhe garantiam tudo aquilo que tinha. Não soube se aquilo era bom
Afinal, saber de todos os perigos que sabia e que lhe permitiam ser a bolha certa, não a transformaram em nada mais concreto, e nem iriam. Seu destino era estourar e disso ela se certificava com cada nova sensação que absorvia do mundo.
Soube que todo o seu colorido, em provavelmente menos tempo do que poderia ter calculado, estava prestes a se desfazer em algumas gotas de água suja que se uniriam à enxurrada, que sujariam o sapato de alguém, e que os sorrisos que despertara nas crianças se tornariam AAAaa-não-suporto-essa-sujeira-de-São-Paulo"s com a sua fragmentação.
E que pena. Não tinha mais bolhas com as quais conversar. Nem sabia se tinha voz.
Pensou inútil toda aquela discussão silenciosa com sua própria.. tinah cabeça de bolha, mente de bolha? não não, só consigo.. Perdera a oportunidade de viver como e com as outras a sua tão frágil vida?
Tarde agora pra saber.
Tarde era, de verdade; percebeu o pôr-do-sol.
E sugou toda a vermellhidão do céu imenso que era sim seu lugar. Independeu de todo o resto e de todas as outras, e de tudo aquilo a que não tinha dado tempo de se prender.
E pela primeira vez, quis olhar para o alto. E olhou.
Lá embaixo, alguém sentiu uma gota pesada cair na testa. Limpou irritada o pouquinho de maquiagem que escorria, que saco, parecia sabão, aquilo era à prova d'água!
E mais nada.
quarta-feira, outubro 27
Ela ganhou um diário de presente.
Não era um diário e apenas um caderno em branco.
Não era ela e apenas eu.
Na verdade, não se sabe nem mesmo se foi um presente ou um achado. Talvez uma daquelas heranças do destino, que caem na cabeça de algum desavisado no dia seguinte da sua grande decisão de não ficar mais esperando por elas.
Seja qual for o título certo, caiu em suas mãos frágeis de criança sedenta de mundo um montão de folhas, limpas e pautadas, charmosamente unidas por um fio rosa de cetim que faz lembrar até hoje o cheiro de vó da casa onde a diversão foi sempre tão lei quanto o amor.
E ela o abriu, mergulh. [calma; agora voltando para a decisão de que era apenas eu, porque era mesmo afinal de contas]. Eu o abri, mergulhando nas páginas tão virgens quanto o que eu conhecia da vida ou de mim. E foi lindo aquele amor à primeira vista, e foi instantâneo. E a dona do cheiro da casa mágica e maluca me ensinou a bordar os rabinhos de porco no começo e no final do elefante, e me ensinou a desenhar o nome mais bonito do mundo, e me contou que era meu.
Desde então eu possuí esse caderno, esse diário, muito mais do que eu pensava. E agora quando ele está prestes a se fechar (queira Deus que tardiamente), certamente bem depois de vários outros que as velhinhas donas de outras casas cheirosas deram para os seus pacotinhos, é que dá pra ver o quanto ele foi usado, rabiscado, castigado pelos risos ferozes e pela brutalidade das chuvas salgadas abafadas no travesseiro.
O tempo inteiro,mesmo quando escrever fisicamente foi ficando pra depois e eu pensei ter trancafiado o caderninho em algum baú empoeirado do quarto também cor-de-rosa que só pode ser o seu lugar, ele estava sendo usado. A todo momento, numa silenciosa argumentação travada comigo a cada dia.
Nele eu escrevi minha infância.
Tchau, caderninho. E muito obrigada.
terça-feira, outubro 5
E eu
E pensando que ele silencioso apenas entregaria-me o divino presente, com toda a naturalidade que se imagina inerente a sua pureza angelical, e me dirá que a use bem. E que não pare de sorrir, como o par alado cujo trabalho não vai cessar nem quando a ultima pena cair. Nesse momento em sua mente ele me vera livre como a pomba que imaginou trazendo a paz de meus alvos dentes num ramalhete de esperança, eterna centelha que tudo preenche.
E, como venho querendo já há certos instantes, me dará sua mão e também o céu num beijo de despedida. Deixo o amigo momentâneo mas o carrego nas asas que eram com ele e que agora são em mim o eu que toca o mundo de cima, mundo leve e claro como num sonho, e no qual farei real qualquer desejo meu. E após ver bem tudo o que me apetece, e apreciar a beleza de muitas flores vivendo e murchando e voltando a ser Terra e famílias crescendo e outras se rasgando e corados cansados e secos, rejuvenescerem a trilha sonora tão conhecida de mais um capítulo no livro dos amores; tendo já as asas maiores que o céu que me carrega e o estômago farto de tanto devorar o banquete da vida num mundo onde pus meu coração e o fiz florescer, deixarei que ele mande em mim.
E me coloque mais uma vez no caminho de onde vim, mas no novo espaço que agora me pertence, do pleno descanso harmonioso do silencio do condomínio eterno, onde as asas brancas tentarão (quem sabe em vão) nascer em lírios, mas não eu, não.
Eu deitada verei que o que fiz foi bom, direi a meu anjo ate logo e outras palavras magicas de que o julgue merecedor, e me deixarei ate que enfim ser vento, e o tempo apenas ser.
domingo, agosto 15
,Sucessão
Vou sair e nascer como uma estrela, e brilhar como uma flor.
Se as raízes de tudo o que quero aquecer e transmitir ao universo escuro profundo e soberano, aquele que às vezes profano se apodera de mim e tampa minha luz arriscando um incêndio imenso, vingarem na terra incerta sem piso e sem segurança que é o desconforto de viver e de ser estrela, então o orvalho da noite quente que absorve o mundo e suas angústias me abençoará.
Quando enfim cair sobre um corpo vivo e latejante uma nesga da minha luz, distante, sentirei como pela primeira vez a utilidade. A utilidade que já se provava forte e decidida dentro da minha minúcia de grão quando toda a explosão que agora parte de dentro do meio de mim ainda era reclusa em uma pequena cápsula brilhante e discreta, e esquecera-se de que tinha dentro de si todo o poder e o fogo de uma estrela-flor.
Então minha noção e meu sentimento se expandirão e perceberei como atinjo tudo, perto e distante. Como minhas raízes flutuam e penetram os mistérios do céu maravilhoso e reviram a terra que tenta cobrí-las, e são notadas pelos passantes por cima delas, e modificam com sua delicadeza o asfalto, que se julgava soberano. Como meus raios chamam e puxam coisas e planetas que se aglomeram e organizam e passam a viver em função da minha existência de estrela, e eu poderei girar apenas em torno de mim mesma, e não sair, mas ficar e fazer saírem, e ter vidas que levem minha vida a outros cantos, e ter cantos onde minha vida chegue e se espalhe como um perfume pelo qual se espera sem saber há muito, há tanto, há quanto tempo?
quarta-feira, julho 28
artesanato.
de novo, de novo, de novo
quinta-feira, julho 8
Ontem, na verdade
quarta-feira, julho 7
Pra que nos deixemos ser mais
terça-feira, julho 6
Há tantas violetas velhas, sem um colibri
E rolam as pipocas
quarta-feira, junho 23
o troféu e seu casco.
num aquário
Um resto
comandante surdo
ele não tem ouvidos para o que lhe ordenamos,
é um rosto feito de boca e olhos. Fechados para a alma do outro, abertíssimos para o coração desse mesmo pobre diabo, que os admira boquiaberto. Não consegue negar.
são belos os olhos do amor.
o amor não cheira o gosto salgado das lágrimas do outro, não não.
ele apenas sente com delícia seus poemas apaixonados e regojiza-se vitorioso.
é ele que queremos e é a ele que aceitamos quando volta sem permissão.
sem aviso nem data marcada.
sem a menor preocupação. ele não ouve se nossos passos já lhe ultrapassaram.
se julga nosso semelhante,
sem querer enxergar que é carrasco.
E VOLTA
dotado de tanta despretensão quanto o mais ambicioso dos corruptos.
e desvirgina mais uma vez os olhos do outro, que tinham reaprendido a olhar a vida com inocencia.
e profere mais uma vez as palavras malditas, que tiram o sono do outro e pousam-no na estante dourada e macia do amor.
e surdo, guarda sua cobaia de (alguma)estimação, na gaiola suja que disfarça de palácio.
e não deixa espaço para não, não há lugar em seu rosto de beleza estática e gelada para perguntas, não sabe responder. só sabe cativar, sem garantia nenhuma. aprendeu a convencer a cada nova vez que se repete, que é aquilo que o outro quisera e imaginara desde o princípio.
e o segura.
E VAI
desmoronando com sua partida a prateleira, a escada, o coração, a boca, os ouvidos, os olhos mais uma vez vidrados e o coração de novo tornado em pedra.
deixando tudo o que não se quer, todas as cicatrizes inescondíveis que atiçam a memória.
queimando no seu gado marcado o sorriso maligno, a boca de dentres podres e satisfação venenosa. mais uma vez ele venceu.
como sempre, ele venceu.
elegante e sorrateiro, ele venceu e sua ida já o levou para longe.
e o outro, e o amor, e qual seu fim?
não termina.
quando se cansar de ir e vir, e por fim largar as cartas, soltar a âncora, pronto e confiante de que atracou seu grande navio repleto dos tesouros de pérolas que arrancou das ostras de pureza dos outros,
não estará em porto seguro.
se tornando o proprio outro, perdido em um rosto-rodamoinho maior do que seu sorriso-barco,
girando por tempo indeterminado em alguma parte do fatídico mar, muito mais poderoso do que seus ouvidos surdos e muito menos suscetível a mudanças do que seus olhos calculistas e deliberados, e dissimulados.
se um dia o barco não naufragar
sairá cheio da colérica vingança com que foi inundado.
e sua tripulação de olhos e bocas e palavras sórdidas continuará em busca dos ouvidos que o crocodilo engoliu,
exausta e persistente
inevitavelmente(será assim alguma coisa?) desejando nunca ter contaminado o outro com suas doentias vilanidades de amor.
começo .
sim, é obvio que nao poderia sair só de si próprio tudo que na vida se jorra por aí ao vibrar o ar que se respira.
não, não sei ainda, até onde vai esse poder dos outros de nos fazer alguém outro, o outrém.
morre algo dentro da alma que sorri falsamente,
quando atônita ela imagina o que há por debaixo da capa,
o que ainda existe dela mesma, morando pelos cantos sujos da casa abandonada que é o apenas ela, que é o que o mundo não deixa ser, que é o que talvez nem seja mais,
não a deixa descansar em paz.
como pode dormir e arriscar que a máscara caia,
como não agarrar-se constantemente aos fios dessa capa de mundo e de outros que já faz tão parte dela?
COMO
silenciosa ela segue sabendo que ninguem lhe dirá.
nenhum grito lhe denunciará as escaras na face quando o vento soprar para longe sua falsa pele, já tão parte dela;
ao menos não à sua frente.
o mundo continuará girando enquanto lhe observarem pelo canto dos olhos, ardendo em carne viva,
seu sentimento à mostra, seu coração palpitando do lado de fora.
Ela mesma, e pela primeira vez nua. Despida e livre do que os outros a tornam.
também é escrava disso, de ser só,e apenas o que é, agora que não pode mais a volátil versatilidade que a sintonizava chave mestra da porta humana que escolhesse.
e a alma caminhará,
pois não lhe ensinaram a parar.
Até que se depare com o olhar que aguarda e cuja sede lhe impulsiona as pernas fatigadas,
e uma criança lhe olhará, e sentirá tristeza por ela
e perguntará à soberana o motivo de sua nudez
compartilharão um secreto momento, unidas porque não têm vergonha.
uma que nunca soube ser senão o que é, simples lagarta
e a outra borboleta desalada, humilhada e traída e roubada pela ida da vida dos outros, que um dia lhe deram uma capa pra vestir e esqueceram-se de atá-la bem, deixaram de protegê-la das intempéries do caminho.
mas da criança ainda se lembram,
e a mãe virá correndo, estilhaçando a cumplicidade cristalina da amizade instantânea que não dura mais do que o tempo que levou pra se consagrar.
isso porque não pode ser,
e terá o dedo do ventre protetor apontado para suas feridas abertas,
empurrando brutalmente os corações amigos em sentidos opostos.
ensinando à criança o medo, a vergonha, a urgência de esconder o que se sentiu e não podia ser.
suja e humilhada ela re-ergue o olhar tão recém-nascido e sacode-lhe a poeira.
"EU ensinei uma lição".
a alma continua em galope pelos trilhos que ineditamente ninguém lhe emprestou.
eles lhe pertencem,
e ela respira completa pela primeira vez.
domingo, junho 13
ANONIMO (ou confessional e coletivo?!)
Amar é como
voar!
É sentir a sensação de estar no
alto,
é ter medo de cair!
É fazer dos pesadelos sonhos,e sentir-se
pequenino perto de quem ama!
É sentir-se grande ao se saber amado.
Sem música
mas por favor, pelo menos a mim, não me venha com 'música para escrever'
se já me é desgastante o bastante o tentar desembaralhar todos os acordes primitivos, as vezes malformados e as vezes, ainda, até, guturais, das ideias que me vem e que esperam que eu as lace, as vezes meu leão, as vezes meus cordeiros - desnecessariamente oficializarei que prefiro as feras -, e domá-los ou ordená-los em frases, fazer com que todos eles caibam em linhas.
É que fazer isso aqui já é tentar ouvir a própria musica, que toca mais baixo do que estamos acostumados a ouvir, esperando calma e cheia de desejo que desconectemos os fones de fora e permitamos que funcionam e desenferrujem-se os de dentro, e que os sons possam começar então a sair,
boanoite.
muita graça
quero mais saúde; me cansei de escutaaar
opinião
de como ter um mundo melhor, mas ninguém sai de cima nesse chove-não-molha
sei que agora eu vou é cuidar mais de miim
hooOo hoOu
Como vai? Tudo bem? Apesar, contudo, todavia mas porém
As águas vão rolar, não vou chooorar (não).
se por acaso morreeer do coração,
é sinal que amei demais
Mas enqanto estou viva, cheia de graça, talvez ainda faça
um monte de gente feliiiiiiiz !
Polvo,o mar,o sol. Ainda quero os raios.
E não algum rabugento, cefalopódico tal qual as bengalas de um velho animal que exaurido pelas amarguras que acumula no saco de pedras que carrega, usa seus tentáculos para se prender a uma caverna, onde mora seguro e sugando das paredes de corais sua verdade. Não dá pra ser assim porque se fosse tudo isso que entra no polvo, que seria eu, iria inchá-lo mais do que sua cabeça pudesse suportar, e de nada adiantariam tantas pernas, que ele tem, que eu teria, se não fosse torná-las luz e torná-las públicas e de todos os seus vizinhos salgados; se fosse assim seria a cortina de fumaça lançada sobre os próprios olhos tão peculiares que perderiam aí, nesse exato momento, qualquer utilidade. Que o amor não esteja nunca preso à mim, que um corpo de polvo é muito pouco pro tamanho que ele quer e aspira a ter, que ele precisa ter, que ele possa viver grande e solto e em todas as direções. Que principalmente ele esteja nunca nunca nunca conectado à cabeça e sim que sirva de mestre e exemplo para que o resto de mim, acomodado na caverna, sinta enfim desejo genuíno de sair.
Porque se for pra ser assim parasitário e só meu, que não haja amor.
Que se seja então grão, ou vento, e levado pela rua, e observando. Pela rua que eu enxergo e penso que conheço e entendo, cujos limites habitam o mesmo plano da minha compreensão. Que esse se deixar conduzir sirva então de treino para o grande mar. O grande e Posseidoso, nos levando por onde quer, e que ainda que não exista amor nos espalha por praias e corpos e sóis que ninguém viu porque a cada dia amanhecem novos, outros, refeitos pela maravilha do horizonte que tão suavemente os acaricia sempre. Lá eu não sou nada e nem consigo pensar em tentar ser, lá não há aprendizado mas apenas permissão, permissão para ser tomado e descobrir aonde a vontade de qualquer tormenta bem entender que quer nos levar. Lá não se vê fim, não se tem fim, mas apenas outras praias, desconhecidas e sempre povoada; se não por quem nos possa fazer sentir e ser polvo ou tronco de luz ou qualquer coisa que exista realmente e que alcance algo, pelo menos eu sei que lá existem grãos. Tão pequenos e frágeis e curiosamente com vontade de viver e de se tornarem o que talvez já sejam em algum lugar de sua miudeza quanto nós.
E prefiro uma onda que me leve com ou para quaisquer grãos do que a parasitariedade da caverna escura , me sugando, me sugando e acabando comigo, porque os raios querem sair e chegar, querem pelo menos receber luz, preferem ser lagarto estirado ao sol. Que haja por favor algum Sol.
E assim nos deixamos ir e levar,
outra oração?12.6
Agora não mais, mas sim, 12 de junho, mais um desses dias que tão felizes nas memórias de quem os tem repletos justamente porque os viveu dividindo-os. Porque esse dia só se faz um inteiro se houver dois, mas será mesmo?
Tenho a dizer com sufocante honestidade que ainda não sei.
Vejamos por exemplo, tive um dia clássico. talvez até mais clássico do que o esperado. Não regado a lágrimas como tradicionalmente se poderia esperar, porque também me dói e me consome o não ter por quem chorar essas lágrimas que não guardo, que não moram no meu peito como tão heroicamente no das mocinhas cujos sonhos sempre dão o mesmo certo antes de os créditos rolarem pela tela. Foi sim e como foi regado a muito molho vermelho, de macarrão, e também o nosso fiel chocolate. Não tão voluntariamente como se pode supor, mas insistirei aqui em novamente culpar os reflexos.. Uma tal vacina do porco me trouxe uma linda batalha, travada de modo que respirar fica dificil, os rolos de papel vão se acabando e falar é uma tarefa hercúlea. Ok Ok exagero nesse dia, porque o dia não muda enquanto eu não durmo, pode.
Pra mim pode.
Pra quem faz parte da data por estar vivo mas não tem a data fazendo parte da sua vida (jájá eu descubro se eu acho que não tem mesmo ou sim), declaro para o alívio deste todo, que pode.
Sem culpa e talvez ajude um controle procurando um filminho que não aconteceu na sua vida ainda, ou pelo menos não agora. E nem presenciar o amor alheio me fez sentir o tapa da solidão. Senti seu abraço. Seu olhar esperançoso de alguém que gosta mas sabe que sua partida fará o outro melhor, ou pelo menos que é isso que quem se gosta pensa. E assim ela o fará, algum dia.
Só não sei, e nem quero tanto saber agora mesmo, se as saudades da solidão não seriam piores do que a ambição por algo de que ainda não se sabe o gosto.
Será que todos nasceram pra fazer gol e se esconder e correr por aí? Quem vai ser o goleiro, quem fica de pegador no começo da brincadeira? Quem abre a mão que não vai caber nas outras da roda, cerradas entre si, prontas e sem você? Talvez eu.
Num desses achados que só poderia rimar com Dia dos Namorados eu vi há pouco uma portuguesa(sim,num filme em inglês), que empregada e charmosa, não bela mas ainda assim interessante, cheia de gestos, cheia de desconhecimento do mundo dos outros e contudo tão cheia de paz e serena, dizer entre o maremoto de seus olhos abertos, revelando o coração turbulento: "Vou sntirr saudadsh suash"; ela o beijou e saiu. E eu desliguei.
Não foi impossível e nem me perturba agora (pelo menos agora, que eu ainda não deitei para deixar o silencio derramar sobre meu desejo de sono suas perguntas gritadas, suculentas, imoralmente irresistiveis) não saber se aquele caminhar rumo ao horizonte foi o ultimo. Se aquele turbilhão de sentimentos querendo se soltar da caixa, querendo romper as correntes, vai deixar ou não, algum dia, de ser somente uma ideia. Mas eu gosto de saber que ele existe.
Como um boneco de colecionador, na caixa. Fechado, amado, amante, curioso, desejoso, repleto até a última gota de vida pra viver, de amor pra gastar e distribuir, com um arsenal de lagrimas para despejar e furia pra atirar e tudo aquilo que nada aquém da sua liberdade pode lhe dar.
E ele espera. E respira sozinho o seu proprio ar. Sempre morno e sempre seu.
Poderá seu aroma algum dia morar em outros pulmões? Quisera ele.
Mas lá ele está, alto e lindo em seu pedestal, e quem o passa o admira, e talvez alguém o compre por muito mais do que apenas sua fabricação valeria. O que lhe confere valor até mesmo inestimável, de quando em vez, é justamente sua espera, resignação silenciosa que deu ao resto do mundo muito trabalho, pra manter o embrulho lacrado.
Quantos olhos que o miraram já não desejaram ter dilacerado com as mãos atrozes a santidade da embalagem fechada? E soltar o boneco, e lançá-lo, e sê-lo, e depois de tê-lo bem mas bem vivido quebrá-lo, e sofrer com isso, e fazê-lo triste por ser inútil até que ele pare em uma outra caixa, grande, vazia, e coletiva. A lata cinza, o lixo.
O boneco teme esse seu destino fatal, que do alto da prateleira viu acontecer tantas e tantas outras vezes com todos que cairam na tentação de deixarem-se soltar. Ele tentara, em vão, convencê-los a ficar. Tentara lhes vender a promessa fácil de vida eterna, sobre o mundo e longe dele, o véu que não deixa ser vista a princesa mas que lhe dá perfeita capacidade de ver tudo. Mas até onde ele enxergou?
E foi num dia como todos os outros (sim,já sabemos que algo mágico está por vir), que ele falou com ele, um de seus antigos amigos de pedestal, que ele vislumbrou de longe, lá embaixo, brilhando na lata reluzente. Esse, surpreendentemente, tinha o rosto intacto e não perdera outra coisa senão as asas. Bastou isso para lhe conferir a inutilidade perpétua. Ninguém sequer chorara por aquele brinquedo, não foi uma criança triste que lhe deu o ultimo adeus, desejando, tão inutilmente quanto, que nada de errado tivesse acontecido. Lá ele fora depositado pelas mãos frias do adulto que o encontrara na poeira detrás da cama. E olhando para ele, o alto solitário lhe perguntou, se ele se conformara com aquele fim e mais precisamente, o que realmente o perturbava naquele momento. Porque sorria?!
E assim como a mulher que na iminência do próximo tchau ser um ultimo adeus, não deixou entrar em sua casa palpitante o temível e horroroso filhote de "e se.." e beijou com a alma, ainda que muito rapidamente, esse ex-voador lhe disse, que o preço do pedestal era alto, tão alto quando a vastidão com que sentira suas asas tomando o mundo quando viveu do outro lado, do lado dos outros, que só por isso poderia também ter sido chamado de seu. E o encaixotado ouviu cada fonema e mastigou aquela vida alheia, que desejava, que temia, que finalmente queria mais do que a glória, mais do que os instantâneos olhares de admiração que inspirava, e com os quais se contagiava e sentia-se amado, mas que logo o deixavam porque era inalcançável.
E ele quis estar no nível dos olhos dos outros. Quis ser visto de perto e sentido como sabia que devia ser, como sabia que a vida dentro daquela caixa poderia o tornar. Quis pular, porque agora não temia tanto a queda como ansiava pelo frio na barriga, pelo sorriso de surpresa de algo novo e alimentante em sua alma nova.
sábado, junho 12
ALTO LÁ! uma oração
não, não vou não.
Sim, já faz tempo. mas quanto tempo pode ser considerado um bom tempo pra nos fazer enferrujar e ter que se esforçar um pouco mais pra sair do lugar do que da primeira vez?
Talvez não seja nem pelo muito tempo que se passou, que pra mim, ou melhor, pra voces pedaços, acho que foi muito tempo sim, mas por causa da decisão (consciente?quem sabe) de guardar pra mim, de escrever num livro que se fecha e esconde ao invés de pintar em letras garrafais, coloridas e suas o mural do mundo e da vida de qualquer transeunte.
Provavelmente foi o tentar tornar minha uma coisa que não é, a falta de lembrar das palavras de gentileza exposta nas ruas da cidade por que passamos, todos nós e eles também, tão apressados, sem nos dar conta de que merecemos aquelas palavras. Pior do que duvidar de que somos o destinatário das mensagens de amor da vida, é não enviá-las quando é você o encarregado de escrevê-las ou dizê-las, a quem bem se sabe que merece. Todos. Tudo.
Não é a única nem a mais eficiente eu imagino, mas essa é a minha mais importante maneira de tentar esse tudo que tanto se quer alcançar e eu a deixei,
pela falta de tempo.
Mentira mais cheia de espinhos não poderia existir.
Como pode-se ter algum dia acusado o tempo de faltar se é ele, e somente ele, justamente a coisa que mais existe e que nunca para de se renovar, de se reinventar, de existir mais uma vez no mundo? Não nos falta tempo, nos falta coragem e disposição.
Não é a coisa mais simples e livre de impactos pessoais que existe, se abrir e se atirar ao mundo, se deixar transmitir por aí, se espalhar nos canteiros da vida por onde passamos e onde faltam as flores que procuramos sem entender que talvez sejam nós mesmos. A nossa ausência não apenas tira a cor dos jardins por aí, mas também nos impede de crescer com o estímulo de toda a natureza ao nosso redor.
É muito mais maravilhoso do que angustiante, esse negócio de ser dar ao mundo. E ainda assim tantas chances são perdidas por aí...
Espero apenas e ainda que possamos encontra-las, e fazê-las nascer dentro de nós. Amém.
quinta-feira, junho 3
quarta-feira, fevereiro 17
Albert Einstein
Viver é como andar de bicicleta.É preciso estar em constante movimento para manter o equilíbrio.
LIVE HIGH ! (Jason Mraz)
I try to picture a girl through a looking glass. See her as a carbon atom, ee her eyes and stare back at them. See that girl.. As her own new world. Though a home is on the surface, she is still a universe
Glory God, oh God is peeking through the blinds! Are we all here standing naked taking guesses at the actual date and time? Oh my, justifying reasons why is an absolutely insane resolution to live by...
Live high, Live mighty, Live righteously... Takin it easy.
Live high, live mighty, Live righteously.
Try to picture the man to always have an open hand. See him as a giving tree, see him as matter. Matter fact he's not a beast. No not the devil either, always a good deed doer.
And it's laughter that we're makin after all
The call of the wild is still an ordination why. And the order of the primates, all our politics are too late. Oh my, the congregation in my mind is this assembly singing gratitude, practicing their lovin' for you.
Just take it easy and celebrate the malleable reality. Because nothing is ever as it seems, this life is but a dream